Para marcar o “Agosto Dourado”, mês dedicado à intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, a equipe assistencial da Maternidade e o Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital de Caridade de Erechim estão desenvolvendo uma série de ações com o objetivo de enaltecer a importância do envolvimento de todos os familiares no processo, e não apenas o papel da mãe no aleitamento. A iniciativa também reforça o compromisso do HC em promover atenção à saúde desde os primeiros anos de vida.
Na quinta-feira, dia 15, no Auditório do Centro Clínico do HC, profissionais da área da saúde participaram da palestra “O impacto das práticas hospitalares na Amamentação: Desafios e Possibilidades”, ministrada pela enfermeira obstétrica de Passo Fundo, Camila Tizatto Zibetti, que é consultora em aleitamento materno.
Para a palestrante, é importante que as equipes de saúde incentivem o aleitamento de forma exclusiva até os seis meses da criança e de maneira complementar até os dois anos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde. “É necessário incentivar as mães a continuarem amamentando, mesmo diante das dificuldades, que sabemos que são muitas”, esclarece a profissional. Segundo ela, muitas mães deixam de amamentar por não se adaptarem à nova rotina após o nascimento do bebê, “que não é fácil”, reconhece.
A enfermeira obstetra, Camila Tizatto Zibetti defende que para melhorar as práticas de amamentação no país, cujo índice está no nível razoável, são necessárias políticas públicas, normas sociais, condições de trabalho, serviços de saúde, informações baseadas em evidências científicas, rede de apoio e empoderamento materno.
Conforme informou a consultora em amamentação, foi descoberta uma célula imunológica no leite materno que reforça os benefícios da amamentação. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), amamentação exclusiva diminui risco de obesidade infantil no futuro e até os seis meses pode evitar leucemia na infância. O leite materno contém mais de 700 bactérias benéficas. Segundo Camila, a amamentação mais longa está associada a níveis mais altos de QI entre bebês. “Além disso, a cada ano que a mãe amamenta o risco de desenvolver câncer de mama invasivo diminui em 6%”, reforçou.
MAIS SAÚDE E ECONOMIA
A palestrante comentou, ainda, que o vice-presidente do Banco Mundial para Desenvolvimento Humano, Keith Hansen, afirmou: “Se a amamentação não existisse, quem a inventasse deveria ganhar dois prêmios Nobel de uma só vez: em Medicina e Economia”. Ela apresentou dados de pesquisas que confirmam que o aleitamento materno reduz os custos em assistência médica em 312 milhões de dólares nos Estados Unidos, Reino Unido, Brasil e em áreas urbanas da China. Outra pesquisa feita por cientistas da Austrália e da Ásia em cem países mostra que o mundo poderia poupar US$ 341 bilhões por ano se as mulheres conseguissem amamentar seus filhos por mais tempo, ajudando a evitar mortes infantis e prevenir doenças.
Segundo Camila, a amamentação pode prevenir que a criança tenha diarreia e pneumonia, duas grandes causas de morte infantil. Mas apenas 40% das crianças com menos de seis meses são amamentadas exclusivamente em nível mundial, enquanto 820 mil mortes infantis poderiam ser evitadas a cada ano se a recomendação for seguida. Por isso, a palestrante defende que melhorar práticas de amamentação pode salvar vidas. Camila finalizou sua palestra mostrando os benefícios da amamentação para mães e bebês.
CAPACITAÇÃO
Seguindo a programação do Agosto Dourado, na próxima sexta-feira, dia 23, acontece a Capacitação sobre Aleitamento Materno, no Centro Cultural 25 de Julho, direcionada a agentes comunitários de saúde, visitadores do PIM, equipe das maternidades de Erechim e região, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos da ESF, pediatras, ginecologistas, odontólogos, nutricionistas, alunos da área da saúde, mães que estão amamentando, gestantes e todos que tiverem interesse no assunto ou que estejam envolvidos direta ou indiretamente no processo do Aleitamento Materno.