Na região Alto Uruguai, a única instituição que realiza este procedimento é o Hospital de Caridade de Erechim, a partir do trabalho dos médicos Flávio Augusto Girardello e Mário Lourenço Tormen.
Há duas formas de cirurgia bariátrica: ‘aberta’ ou por vídeo. No HC, a maioria dos procedimentos é realizada por vídeo – a chamada ‘Gastroplastia’, uma técnica moderna, menos invasiva e mais confortável para o paciente.
Quem pode fazer
A cirurgia bariátrica é indicada para os indivíduos obesos que tenham o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 40 Kg/m2 (obesidade mórbida). Pessoas com diabetes mellitus Tipo 2 (DM2), com Índice de Massa Corporal entre 30 Kg/m2 a 35 Kg/m2, e ausência de resposta ao tratamento clínico podem ter indicação para a cirurgia bariátrica. Já os pacientes com IMC maior que 35, com doenças associadas à obesidade – também são elegíveis.
‘Recomendo a cirurgia para aqueles que fecham com as indicações, tenham respaldo familiar e estejam emocionalmente preparados para realizar o procedimento, sabendo que, após a cirurgia, 90% do sucesso da mesma, em termos da manutenção do peso e da qualidade de vida, dependem dos hábitos do próprio paciente’, observa o cirurgião clínico Flavio Girardello.
Existem 4 modalidades diferentes desta cirurgia: a banda gástrica; bypass gástrico; duodenal switch e gastrectomia vertical.
Bypass gástrico
Entre as modalidades da cirurgia por vídeo, a mais utilizada no HC é a chamada de ‘bypass gástrico’ – feita a partir da realização de 3 a 5 pequenos ‘furinhos’ no abdômen, introduzindo os instrumentos necessários (inclusive uma microcâmera ligada a um monitor) que permite a visualização do estômago e a própria execução do procedimento.
De acordo com Girardello (que trouxe a técnica para Erechim, em 2006), a cirurgia bariátrica por videolaparoscopia tem vantagens como recuperação mais rápida e menor risco de infecção do que a cirurgia em que o abdômen é cortado. ‘A cicatrização dos tecidos ocorre mais rapidamente e a pessoa consegue se movimentar melhor do que na cirurgia aberta’, destaca o médico.
HC reúne todas as condições para o serviço
Para Flávio Girardello, o HC reúne as condições ideais a fim de realizar um trabalho com excelência e segurança ao paciente. Nesta perspectiva, o cirurgião destaca as condições de equipamentos e o bloco cirúrgico do Caridade – em especial o trabalho das equipes de anestesia e enfermagem; a UTI; o plantão interno 24h; o pronto socorro; além das condições de instalação da casa de saúde.
‘A cirurgia bariátrica é um procedimento importante, demandando uma estrutura completa para que o paciente tenha antes, durante e após a operação todas as garantias de segurança e atendimento. Felizmente, o Hospital de Caridade reúne estas características, oferecendo um serviço de excelência’, pontua Girardello.
O médico também destaca o papel de uma equipe multidisciplinar no acompanhamento do paciente, envolvendo psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e preparadores físicos.
Anestesia colabora para pronta recuperação
Na recuperação do paciente, somado ao trabalho de Girardello e Mario Tormen, bem como da equipe de enfermagem, aparece com destaque a eficiência dos anestesiologistas da Clínica de Anestesia e Dor Erechim (CAD). Na cirurgia bariátrica realizada no HC, o paciente é submetido à anestesia geral com abordagem multimodal, reduzindo riscos de complicações e as dores no pós-operatório, permitindo uma recuperação mais rápida e com qualidade.
Benefícios da cirurgia bariátrica
Além da perda significativa de peso, a cirurgia bariátrica também traz benefícios relacionados às doenças associadas à obesidade, com melhoria e cura de doenças como: Hipertensão arterial; Insuficiência cardíaca; Insuficiência respiratória; Asma; Diabetes; Colesterol alto.
Essa operação também traz vantagens sociais e psicológicas, como diminuição do risco de depressão e aumento da autoestima, da interação social e da mobilidade física.
A cirurgia realizada imediatamente após sua indicação contribui para a cura ou remissão de diversas doenças associadas à obesidade como, por exemplo, a hipertensão, problemas nas articulações, coluna e diabetes tipo2.
Saiba mais
As diferenças entre as cirurgias ‘abertas’ e aquelas realizadas por vídeo começam nos dias de internação. Na cirurgia aberta são necessários de três a quatro dias de internação, já no procedimento laparoscópico geralmente são apenas dois dias. Na cirurgia realizada por videolaparoscopia são feitas pequenas incisões no abdômen de 0,5cm e 1cm para a introdução das cânulas por onde são introduzidas as pinças para realizar o procedimento e uma câmera, responsável pela visualização do mesmo; na cirurgia aberta esta incisão pode variar de 15cm a 30cm. Enquanto na cirurgia aberta os pacientes levam de 30 a 60 dias para voltarem as suas atividades de trabalho, na cirurgia laparoscópica eles estarão liberados em 15 dias ou menos. Dentre as vantagens estão a diminuição do risco de hérnias e infecção da ferida cirúrgica, retorno precoce às atividades, diminuição do risco de complicações pulmonares e menor dor pós-operatória.
Obesidade dispara
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Caetano Marchesini a obesidade é uma realidade para 18,9% dos brasileiros.
“Já o sobrepeso atinge mais da metade da população (54%). Entre os jovens, a obesidade aumentou 110% entre 2007 e 2017. Esse índice foi quase o dobro da média nas demais faixas etárias (60%)”, destaca Marchesini. No mesmo período, o sobrepeso foi ampliado em 26,8%. Esse movimento foi maior também entre os mais jovens (56%), seguidos pelas faixas de 25 a 34 anos (33%), 35 a 44 anos (25%) e 65 anos ou mais (14%). Os dados integram a mais recente Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. Marchesini lembra que o excesso de peso tornou-se a doença adquirida que mais preocupa os pesquisadores no mundo, se tornando uma questão de saúde pública. “O Brasil é considerado o segundo país do mundo em número de cirurgias bariátricas realizadas e as mulheres representam 76% dos pacientes”, reforça o presidente.