Mais de 600 propriedades da região do Alto Uruguai armazenam grãos, totalizando mais de 1,1 milhão de sacas armazenadas nas propriedades. As famílias Zanelato e Rigo, de Floriano Peixoto, estão entre as 24 que armazenam grãos na propriedade no município e são dois exemplos de investimentos na área de armazenagem na região do Alto Uruguai. Eles acreditaram neste processo e os resultados estão sendo positivos.
Elizeu Zanelato, da comunidade Capela Rosário, armazena as produções das culturas de inverno e verão em quatro silos construídos na propriedade. Em uma área de 50 hectares cultiva soja, milho, trigo e aveia. Zanelato decidiu investir na produção de grãos desde 2000, quando passou a gerenciar a propriedade repassada pelo seu pai. A expectativa de produtividade, em média, é de colheita de 50 a 60 sacas na safra de soja, 180 sacas de milho e 60 sacas de trigo. Também pensa na sucessão familiar com o filho João.
Entre as diversas vantagens econômicas da armazenagem na propriedade destacadas pelo produtor estão economia com frete, manter a qualidade do grão, comercializar o produto no momento mais vantajoso, podendo vender na entressafra, além de poder aproveitar os resíduos das unidades armazenadoras.
Sementes
Outra vantagem apontada é a produção da própria semente. “Gera semente com qualidade. O projeto de construção foi dimensionado pela Emater para o tamanho da nossa propriedade”, exemplificou.
Em Floriano Peixoto, as 24 famílias que instalaram o sistema, de acordo com o extensionista do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar Osmar Vitali, todas avaliam de forma positiva. “A Emater Incentiva os agricultores a fazerem o curso de armazenagem na propriedade oferecido no Centro de Treinamento de Agricultores de Erechim (Cetre). Levamos eles em outras propriedades que já
adotaram o sistema, e durante o curso, além do aprendizado os produtores trocam experiências”, relata Vitali. “A equipe do escritório faz desde o projeto de crédito, levamos os agricultores nos cursos e fazemos acompanhamento da construção da unidade e assessoramos na atividade, de acordo com a necessidade do produtor. Treinamos os produtores, fazemos os projetos, e prestamos o assessoramento”, ressalta.
Família Rigo
Outro exemplo é o da família Rigo, da comunidade Vanini. Jucimar, que atua junto com o pai Celso e os irmãos Jucimir, Nelcir e André, em um trabalho que envolve as quatro famílias, em uma área total de 50 hectares, lembra que já teve perdas com a produção armazenada fora. Após isso, em 2010, decidiu investir na armazenagem na propriedade. “Dá um retorno a mais por saca armazenada e segurança para o produtor. Trocamos ideia com extensionista da Emater e decidimos fazer o investimento”, conta.
Como tudo começou
O extensionista Carlos Alberto Angonese, responsável pela área de armazenagem na região, lembra de como iniciou o processo. A ideia derivou de uma evolução da atividade de Extensão Rural, que teve início com a necessidade do agricultor de armazenar milho na propriedade. Incialmente se pretendida reduzir as perdas causadas por insetos e roedores, e foram implantados paios de tela, silos no solo, entre outros. Posteriormente vieram os paióis de alvenaria tipo Chapecó. Mais tarde, a falta de mão de obra levou à mecanização da colheita e à necessidade de armazenar grãos. Neste sentido, a Emater/RS-Ascar iniciou os trabalhos de secagem e armazenagem de grãos na propriedade, incialmente através de secagem de grãos a fogo (secagem a altas temperaturas) e posteriormente secagem solar de grãos (secagem a baixas temperaturas), já que o projeto de armazenagem a granel já vinha produzindo bons resultados na propriedade.
O silo secador foi uma evolução do processo de secagem e armazenagem de grãos na propriedade, à medida que reduziu mão de obra, de consumo de
energia e de lenha. É uma proposta economicamente viável e ambientalmente mais equilibrada. Angonese lembra que este projeto foi criado pela Emater/RS-Ascar, que trabalha com armazenagem na propriedade desde sua criação, inicialmente com armazenagem em espigas e posteriormente (entre a década de 80 e início da década de 90), com o início das dificuldades de mão de obra na propriedade e consequente mecanização das colheitas, houve a necessidade de armazenar grãos. A partir de então foi preciso adaptar estruturas, instalar secadores de grãos, e construir silos para grãos ou adaptar as instalações já existentes.
No final da década de 80 e início de 90, iniciou o trabalho com secadores de leito fixo a fogo, para posterior armazenagem na propriedade. No final da década de 90 foi introduzido o secador solar de grãos, o qual reduziu mão de obra, tornou a atividade mais sustentável e reduziu as contaminações de grão por conta da fumaça (Benzo-α-pireno, o qual é cancerígeno e teratogênico). Sentindo novamente as dificuldades de mão de obra, a Emater/RS-Ascar passou a avaliar a proposta de secagem ao ar natural, a qual facilitou muito as atividades do agricultor.
O extensionista salienta que a secagem em silos secadores não foi criada pela Emater/RS-Ascar. Ela foi desenvolvida pela pesquisa nacional e internacional e coube à Instituição estudar as alternativas que a pesquisa validou e elaborar uma proposta para ser instalada a campo e, desta forma, adaptar e instalar as primeiras unidades armazenadoras com secagem a ar natural, cujo trabalho iniciou pelo extensionista Ricardo Martins (hoje aposentado) e vem sendo realizado nos últimos dez anos e segue em expansão tanto na região do Alto Uruguai como no restante do Estado.
Atualmente, a região de Erechim, que representa apenas 2% da área do Estado, está planejando entre 10 e 20% do que o RS todo planejou para as práticas de atividade de secagem e armazenagem de grãos na propriedade. E somente em 2022 a região deverá crescer em número de propriedades com armazenagem cerca de 20%.
Caso o produtor deseje instalar silos em sua propriedade, deve procurar um escritório municipal da Emater/RS-Ascar. Não existe fator limitante para número de células ou silos. O mais adequado é procurar o escritório da Emater/RS-Ascar e elaborar um projeto, visando uma armazenagem mais equilibrada, com fluxos de grãos mais coerentes, facilidade de carga e descarga dos grãos nos silos e nos caminhões, menores problemas de funcionamento da instalação (quebra de grãos, embuchamento, desgaste precoce de estruturas, equipamentos mais adequados às possibilidades da propriedade agrícola, principalmente em relação a custos, entre outros) e menor uso de mão de obra.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Erechim