Um problema que vem sendo enfrentado há muitos anos pelos agricultores da região do Alto Uruguai do Rio Grande do Sul. As dificuldades relacionadas à energia elétrica vêm pautando há anos as reivindicações de quem mora no campo. Para discutir sobre o problema, na manhã desta terça-feira, dia 9 de março, o Fórum Regional pela Melhoria da Qualidade e Acesso à Energia Elétrica no Alto Uruguai promoveu uma reunião on-line com vereadores da região.
Durante o encontro foram apresentadas as problemáticas relacionadas às péssimas condições de conservação das redes de energia elétrica, com postes deteriorados e sem limpeza no leito por onde a redes passam; problemas com intensidade da carga que possui baixa qualidade no fornecimento de energia elétrica, causando oscilações que impedem a expansão da atividade agropecuária. Além disso, os consumidores também enfrentam dificuldade quando ocorre temporais , devido à demora excessiva no restabelecimento de energia elétrica.
Prejuízos
Os problemas no fornecimento de energia elétrica causam perdas de alimentos, como leite, carne, frutas, entre outros; medicamentos, que necessitam de conservação em temperaturas baixas; perda também na conversão de peso de suínos e aves em face à deficiente alimentação dos animais, dentre outros.
Além do impacto econômico, a falta de energia elétrica causa insegurança uma vez que o agricultor fica isolado, sem vizinhos próximos, sem comunicação e sem iluminação na propriedade com equipamentos e instalações de alto valor. Outro ponto problemático, refere-se à qualidade de vida dos moradores da área rural, uma vez que sem luz os agricultores ficam sujeitos a banhos com água fria (quando tem água, pois muitas vezes a mesma falta pois é bombeada por motores elétricos), sem acesso aos meios de comunicação e sem contar com eletrodomésticos essenciais como resfriadores e geladeiras.
Estudo
Durante o encontro foi apresentado um estudo desenvolvido pelo professor Humberto José da Rocha da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) que destaca dados e depoimentos de moradores a respeito da qualidade da energia elétrica no meio rural. “A partir das informações fornecidas pela RGE, a região conta com um total de 94.502 postes, dos quais 66.461 encontram-se no meio rural. Destes, 32.374 (48,7%) são de madeira. Assim, levando em conta o plano de substituição gradual da RGE, de 596 poste de madeira por postes de concreto por ano (meta de julho de 2020 a julho de 2021), a substituição total de postes de madeira por postes de concreto excederia 54 anos, sendo concluída no ano de 2074”, diz o documento.
Reivindicações
O Fórum propõe algumas medidas a fim de garantir que haja um mínimo de qualidade no fornecimento de energia elétrica como a substituição de todos os postes de madeira em no máximo três anos; limpeza periódica nas áreas de servidão, intensificando os trabalhos nas áreas onde as árvores estão encobrindo a fiação; aumento do número de equipes de trabalho que realizam os consertos das redes; aumento de carga nas propriedades que tem essa necessidade.
Durante a reunião foram apresentadas ações do Fórum e discutidas medidas que podem ser desenvolvidas em conjunto. “A reunião teve uma boa participação os relatos é que a situação nos municípios é muito complicada, tem muito problema com a RGE e é preciso fazer um processo de articulação regional para enfrentar essas dificuldades”, comenta o coordenador do SUTRAF-AU, Douglas Cenci.
O Fórum deve manter um diálogo permanente a respeito do tema, além disso, deverá organizar uma audiência pública para exposição da problemática. O Fórum aguarda definição de agenda com o Ministério Público e a ANEEL para apresentação da problemática.
Participam do Fórum o SUTRAF-AU, UNICAFES-RS, MAB, Sindicato dos Metalúrgicos, Sindicato da Alimentação, CUT-Alto Uruguai, UFFS e CPERS.