A ameaça inflacionária e a situação fiscal brasileira têm motivado o Banco Central manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75%. Desde a reunião de fevereiro do Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição, o governo federal apresentou ao Congresso o Novo Arcabouço Fiscal, projeto que trouxe incertezas sobre a trajetória da dívida pública.
Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, o mecanismo escolhido para formação de superávit primário requer aumento das receitas e não a contenção de gastos públicos, algo que preocupa, devido a seu caráter cíclico e à atual carga tributária:
“Também ficou estabelecido que o descumprimento da meta de resultado primário não configura infração, e o contingenciamento de despesas não é mais obrigatório. Por esses motivos, as expectativas inflacionárias foram elevadas”.
O dirigente observa que, mesmo com a redução observada no acumulado de 12 meses, alguns aspectos da inflação continuam a motivar apreensão – como os núcleos ainda muito acima da meta estabelecida pelo Banco Central.
Petry pondera que a atividade econômica e o mercado de crédito ainda sofrem com os efeitos dos juros altos, trazendo desafios a uma indústria nacional já tão penalizada:
“Esperamos que o governo e o Congresso façam ajustes no texto da nova regra fiscal, de modo a permitir que o Banco Central inicie, o quanto antes, o ciclo de redução da taxa. O custo às empresas está muito elevado para tomar capital de giro, empresas enfrentam problemas no País, com crédito retraído e bancos mais seletivos”.