Sei que todos os anos é feito um pente-fino nos beneficiários do Bolsa Família, e que Erechim teve uma grande redução no número de benefícios nos últimos anos. Quem sabe, com uma análise mais profunda, o número de beneficiários poderia diminuir ainda mais, trazendo mais pessoas de volta ao mercado de trabalho.
Não sei exatamente como esse pente-fino é realizado, mas é evidente que há pessoas que preferem fazer “bicos” — trabalhar dois dias por semana em um lugar e, na semana seguinte, em outro — para evitar criar vínculo empregatício. Muitas dessas pessoas evitam empregos formais porque não querem abrir mão dos benefícios do governo. Contudo, elas não se dão conta de que, ao não contribuir para o INSS, não terão direito à aposentadoria ao chegar aos 65 anos.
Talvez seja necessário intensificar a fiscalização para identificar quem está trabalhando sem registro e, ao mesmo tempo, recebendo o Bolsa Família. Numa cidade como Erechim, com mais de 2.700 vagas de trabalho abertas apenas no SINE, é inaceitável que tantas pessoas estejam se limitando a “bicos”.
Não estou sugerindo o fim do Bolsa Família. Reconheço que muitas pessoas precisam desse auxílio para sobreviver. No entanto, talvez uma campanha de conscientização na imprensa, acompanhada da criação de um canal de denúncias para identificar abusos, pudesse gerar resultados mais eficazes.
Se conseguirmos inserir de 80 a 100 pessoas no mercado de trabalho formal, já seria uma grande conquista. Não apenas para a economia da nossa cidade, mas também para essas pessoas, que teriam uma renda mensal estável, contribuiriam para o INSS e poderiam se aposentar no futuro.