Expointer 2023 – Selo Sabor Gaúcho Orgânico destaca empreendimentos familiares

Com poucos dias em vigência no Rio Grande do Sul, o Selo Sabor Gaúcho Orgânico pode ser visto nas placas de identificação de muitos empreendimentos familiares que estavam no Pavilhão da Agricultura Familiar da 46ª Expointer que encerrou neste domingo (03/09), em Esteio.
Erva-mate, sorbet, conservas e geleias de frutas e flores, suco de uva, vinhos e espumantes, chás e polpas de frutas nativas. Há 25 empreendimentos orgânicos no Pavilhão da Agricultura Familiar, além da Cozinha da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre Ltda, coordenada pela Via Campesina, que ofereceu alimentos orgânicos na Praça da Alimentação do Pavilhão.
Pela primeira vez participando da Expointer, no Pavilhão da Agricultura Familiar, os jovens irmãos Caroline e Gabriel Scherner Zanotto, 31 e 27 anos, são sócios do pai Flávio Zanotto na Agroindústria Erva-Mate Gerações, na Linha Rodrigues, município de Ipê. A produção de erva-mate é feita pela família há quatro gerações. “Começou com meu bisavô Atílio Zanotto, para consumo próprio, e seguiu com meu pai, que muitas vezes era contratado para desgalhar as árvores de erva-mate dos vizinhos, que iria ser processada por uma ervateira de Erechim”, conta a jovem, ao destacar que processar erva-mate para revender começou há 20 anos, com seu pai.
A certificação como propriedade orgânica aconteceu no ano 2000. Já a produção orgânica de erva-mate aconteceu em 2001. A família, que também produz uvas e hortaliças orgânicas, participa da Feira Ecológica da Redenção desde 2013, sendo que a agroindústria foi legalizada junto ao Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf) em 2019, e Caroline conta que passou a ser sócia da Ervateira neste ano, tendo a experiência de participar desta edição da Expointer.
Engenheira civil, despertou para sua vocação como agricultora ecologista ainda na metade do curso de graduação. “Percebi que era na terra que eu queria ficar, mesmo com todas as dificuldades”, diz, satisfeita pela decisão. Caroline é casada com Ivan Scopel, do ramo moveleiro, e com o esposo herdou uma terra onde produz ovos, pequenas frutas, como amora e framboesa, e hortaliças. “Somos criados na agricultura, temos nossa maneira e queremos seguir nessa produção agroecológica, que gera, mais do que renda, benefícios e saúde para todos”, avalia a jovem.
SUCO PREMIADO
O suco de uva integral da Vinícola De Cézaro, de Farroupilha, conquistou o segundo lugar no 11° Concurso de Produtos da Agricultura Familiar, realizado nesta semana de Expointer junto ao Pavilhão da Agricultura Familiar. Produzindo uvas orgânicas desde 2001, a família De Cezaro, de Farroupilha, trouxe para a feira, além de sucos, vinhos e espumantes orgânicos.
Desde 1875, com a colonização italiana na Serra Gaúcha, na Linha Caçador, 3º Distrito de Farroupilha, a família De Cézaro sempre produziu uvas, desde o tataravô de Paulo José De Cezaro, inicialmente para consumo próprio. “A uva sempre foi, principalmente para os italianos, a melhor bebida alcoólica que existe. É boa para a alma, para comemorar e para esquecer a Pátria Mãe (Itália), fazendo os Filós, quando cantavam, dançavam e se alegravam”, conta Paulo José, ao falar do suco e do vinho na história da sua família.
Paulo José tem dois filhos, Alessandro Mateus, 26 anos, e Murilo, dez anos, e é sócio na Vinícola do irmão Daniel Antônio e da cunhada Sílvia Lodi. “Decidimos pela produção orgânica em 2001, porque sentimos que estávamos começando a nos intoxicar, tendo dor de cabeça. Foi quando, com o apoio da Emater, fundamos um grupo de agroecologias e começamos a nos capacitar com a realização de cursos. Hoje temos dois hectares de uvas orgânicas em cultivo protegido”, diz, feliz.
SORBET COM AIPIM
Produtora de morangos orgânicos desde 2016, no bairro Vila Nova, em Porto Alegre, tendo sido certificada em 2018, a empreendedora Luci Mara Almeida d´A Chácara Vila Nova Orgânicos está pela terceira vez na Expointer.  Inicialmente produtora de morangos e vendendo sucos e geleias, Luci conta que queria algo diferente e universal, que conquistasse o gosto de todas as pessoas, independente de idade. Foi então que, após testes e incentivada por extensionistas da Emater/RS-Ascar, lançou em 2021 o sorbet orgânico, o primeiro sem glúten e em lactose do país.
“A diferença entre sorbet e sorvete é que o sorvete é feito com leite e o sorbet é à base de água. Como queríamos algo sem intolerância e saudável, priorizamos a saúde e a qualidade de vida com frutas de época”, como morango, açaí, pitaya, butiá, sabores que têm boa aceitação, assim como o cacau, “um sucesso”, diz a produtora, que é apoiada pelo marido Obirajara Almeida e pelos filhos Pablo, 29 anos, e Gabriele, nove. “É dos filhos a decisão de manterem esta que é a primeira agroindústria de Porto Alegre a conquistar o Selo Sabor Gaúcho”, analisa, ao ressaltar sua gratidão ao trabalho dos extensionistas da Emater/RS-Ascar. “Se cheguei onde cheguei foi graças à minha Emater”, afirma.
COOPERAÇÃO
Criada em 2001, a Vida Natural em 2004 se tornou Cooperanatural. Com sede no município de Picada Café, possui hoje 22 associados, que produzem e comercializam ampla variedade de produtos, desde hortaliças, compotas, geleias, sucos, vinhos e cerveja, “tudo orgânico e natural”, destaca Felipe Gehrke, um dos três fundadores, secretário desde a criação e engenheiro agrônomo da Cooperativa.
Dentro da diversidade de produtos, Gehrke destaca as geleias sem açúcar e o suco de uva como os “carros-chefes” da Coopernatural. O suco de uva integral conquistou o 1º lugar no 11° Concurso de Produtos da Agricultura Familiar, desta 25ª edição do Pavilhão da Agricultura Familiar na Expointer. “É o reconhecimento da qualidade dos produtos dos nossos associados”, comemora, ao destacar a Emater/RS-Ascar como uma das parceiras da cooperativa, que vende especialmente para o mercado consumidor da região Sudeste do país. Como projetos, Gehrke diz pretender fortalecer a sucessão das famílias cooperadas. “Precisamos manter essa história e essa qualidade”, diz.
SELO ORGÂNICO
O Selo Sabor Gaúcho Orgânico foi criado no início de agosto pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), através da Instrução Normativa IN 01/2023, e lançado na 46ª Expointer, no espaço RS Innovation Agro Stage, com um painel apresentado pelo secretário da SDR, Ronaldo Santini, e pela diretora do Departamento de Ações Integradas também da SDR, Carolina Breda.
O Selo Sabor Gaúcho Orgânico é uma derivação do Selo Sabor Gaúcho, já consolidado no RS, e certifica os empreendimentos familiares do Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf) que produzem de forma orgânica.
“O certificado objetiva a agregação de valor para produtores e agroindústrias, além de assegurar ao consumidor final a origem e procedência desses alimentos”, disse o secretário, ao ressaltar que, “por meio do incentivo à produção orgânica, esperamos garantir a sucessão na agricultura familiar do Rio Grande do Sul”.
Para aderir ao selo, as agroindústrias familiares deverão apresentar ao Peaf a certificação orgânica emitida por certificadora ou organismos participativos de avaliação de conformidade orgânica credenciada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As solicitações deverão ser encaminhadas para o Departamento de Ações Integradas da SDR, por meio da Divisão de Fomento à Produção Orgânica e de Baixo Carbono. Com a confirmação do recebimento do Selo, este será emitido com nova identidade visual que segue o layout tradicional, com variação de cores exclusiva para o setor de orgânicos.

Por assessoria de comunicação