Escola de Pais do Brasil completa mais de 60 anos e intensifica ações na educação familiar

Em entrevista ao Cultura News da Rádio Cultura FM, o Dr. Cezar Detoni destacou os mais de 60 anos de atuação da Escola de Pais do Brasil, da qual faz parte há 38 anos. Ele explicou que, durante a pandemia, a instituição enfrentou um encolhimento devido ao afastamento de membros, especialmente os mais idosos, que evitaram ambientes coletivos por medo da Covid-19. Isso reduziu o ritmo de trabalho da entidade, que agora promove uma campanha nacional para divulgar suas ações e atrair novos participantes.

“Estamos usando meios de comunicação e redes sociais para despertar o interesse das pessoas em se somar a esse trabalho”, afirmou Detoni.

Preocupação com a violência familiar

Sobre a violência doméstica — incluindo casos de crianças abusadas, mulheres assassinadas e a ineficácia das leis para conter esses números —, Detoni foi enfático:

“Leis e coerção são necessárias, mas não resolvem sozinhas. Se prendermos todos, quem ficará para fechar a porta?”

Ele alertou para os altos índices brasileiros de:

  • Problemas de saúde mental
  • Dificuldades de aprendizado (um dos piores do mundo)
  • Baixa escolaridade

“Se em uma turma de 8 alunos, apenas 2 ou 3 aprendem, precisamos entender por que os outros 6 não conseguem. O problema não está apenas na escola, mas no ambiente familiar desde os primeiros anos de vida.”

A importância dos primeiros anos de vida

Segundo pesquisas em neurociência e epigenética, os primeiros anos — incluindo a vida intrauterina — são cruciais para o desenvolvimento humano.

“Trabalhamos com todas as idades, mas hoje focamos nos primeiros anos, pois mudanças nessa fase trazem os melhores resultados”, explicou.

Impacto da tecnologia e declínio das relações familiares

Detoni criticou o isolamento causado por dispositivos eletrônicos:

“Há 40 anos, as famílias passavam 48% do tempo em convívio. Hoje, são apenas 8%. Para onde foi esse tempo? Estamos nos relacionando mais com telas do que com pessoas.”

Ele também destacou consequências alarmantes:

  • Queda no QI médio das novas gerações
  • Redução na expectativa de vida (pela primeira vez na história)
  • Empobrecimento das relações interpessoais

“Ninguém nasce humano; somos humanizados pela educação. Se a família e a sociedade não cumprem esse papel, que tipo de adulto teremos?”

Conclusão

Detoni encerrou reforçando o papel da Escola de Pais:

“Nossa experiência mostra que é possível ajudar famílias a educar melhor, mas precisamos agir agora.”

Por: Edson Machado da Silva – 

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