Passeando pelas ruas da cidade nos finais de tarde, reparei que em Erechim ainda é possível andar levando o telefone celular no bolso traseiro da calça ou short, e com metade do aparelho saltando para fora. E é através destes pequenos detalhes que percebemos: a cidade ainda goza de uma segurança que deixou de existir em outros municípios. Temos mais exemplos: motociclistas entrando em estabelecimentos e deixando a chave na ignição da moto estacionada, às vezes, até com o motor ligado, mulheres carregando suas bolsas sem abraçá-las contra o peito, carros estacionados com os vidros abertos, bolsas e pacotes colocados dentro dos veículos em condições de fácil visualização, e por aí vai.
Não estou dizendo que não temos crimes. A bandidagem vem tentando avançar na região, sabemos dos arrombamentos que atemorizam o interior e o comércio de algumas cidades, mesmo que na maioria das vezes tais fatos não sejam liberados para divulgação na imprensa, temos conhecimento dos roubos a pedestres e do tráfico de drogas que se alastra como rastilho de pólvora. Mas também somos conhecedores do déficit recorde de efetivo que assola nossas policias (para se ter uma ideia, será aberto concurso para 4.550 vagas na BM e tal número ainda não cobre o déficit no RS), da falta de equipamentos, dos salários parcelados seguidos de endividamento, e sabemos que apesar de tudo isso, a dedicação e o esforço das nossas forças policiais não esmorecem e têm conseguido manter as cidades da região com baixos índices criminais, se comparados a quase todos os outros municípios do Estado. Aliás, acho até ser possível dizer que nossas polícias estão sendo sitiadas. Além dos problemas já citados, enfrentam a Legislação branda, que libera presos no mesmo dia ou às vezes nem os prende, e presídios superlotados, onde para o Estado a saída mais fácil é não prender para não ter que lidar com a situação. Sem contar que muitas vezes levam a culpa pelo crime acontecido, mesmo com o Estado e a União mostrando que estão abandonando nossa segurança pública, nem tão aos poucos assim, e também sem poder estar em vários lugares ao mesmo tempo, pelo menos, não com o efetivo atual.
Prosseguindo a política de abandono da segurança pública, creio que o futuro é preocupante, mas lembro da frase dita pela delegada, Diana Zanatta, ao assumir a Delegacia Regional em Erechim: “Somos poucos senhor chefe (dirigindo-se ao chefe de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Emerson Wendt), muito poucos, mas trabalhamos juntos e com inteligência, e isso tem feito toda a diferença”.
A frase faz referência a união das delegacias do Alto Uruguai e a parceria com a Brigada Militar, trabalho conjunto que começou a ser desenvolvido ainda quando o delegado Gerson Cavedine Fraga respondia pela Regional e o tenente coronel Antônio Gilceu Souza era o comandante do 13º BPM, e segue sendo realizado com excelência. A citação da delegada não poderia ser mais correta “…isso tem feito toda a diferença”. Junte-se a essa equação a importante participação da população através de denúncias, e está explicado o motivo de ainda podermos andar com o telefone aparecendo no bolso ou estacionar a moto e deixar a chave na ignição.
Por Alan Dias