Familiares de 22 pessoas que perderam a vida por conta das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul ainda fazem, nesta sexta-feira, o reconhecimento e a retirada dos corpos no Departamento Médico Legal (DML). Segundo o Instituto-Geral de Perícias (IGP), foram transportados ao local os corpos de 14 vítimas de Muçum e oito, de Roca Sales. Segundo o Instituto-Geral de Perícias (IGP), os corpos foram enviados para a capital por terem sido localizados em um curto espaço de tempo, sendo que 21 já foram identificados via exames de papiloscopia e um, por teste de DNA. Até as 14h, familiares de 19 vítimas já haviam concluído a documentação para a retirada dos corpos.
O pintor Douglas Cardoso Dias, de 31 anos, perdeu o padrasto durante a enchente em Roca Sales. Ele conta que o aposentado Vilmar da Silva Santiago, de 50 anos, morava com a esposa e a filha na área Central do município. “A cidade não existe mais, é um cenário de guerra. Só na rua dele morreram sete ou oito. Também há muitos desaparecidos que ainda não foram registrados”, contou ele ao Correio do Povo.
Douglas relata que, no momento da enchente, a mãe dele não estava no local e a irmã, conseguiu subir para o último piso do imóvel. “Pediram para ele sair do primeiro andar da casa, que já estava tomado pela água, mas ele quis ficar para cuidar das coisas. Ele não achava que a enchente seria tão forte mas, em questão de 30 minutos, a água já estava na altura do pescoço, foi muito rápido. Ele ainda tentou ligar e pedir ajuda para a Defesa Civil. Encontraram o corpo na outra rua, dentro de uma outra casa”, narrou. “A ficha ainda não caiu”, concluiu o pintor.
Mais cedo, a reportagem também conversou com Elton Pezzi, que perdeu duas tias em Muçum. “Perdi uma tia de 84 anos e outra, de 85, que estava com o marido no momento da enchente. Ele conseguiu se agarrar em um tronco de árvore e sobreviveu”, relatou. Elton, que é dono de uma empresa de serviços funerários, também está participando da organização do velório coletivo de 10 vítimas, marcado para este sábado, em Vespasiano Corrêa. “São muitas pessoas para serem veladas, não temos espaço em Muçum”, declarou.
A reportagem também conversou com Jaqueline, na quinta-feira, que perdeu o sogro, de 90 anos, e a companheira dele, de 87, que também moravam em uma casa no Centro de Muçum. Ainda conforme ela, a cuidadora do casal de idosos, de 65 anos, também morreu. “Nossa região ficou toda destruída. Peçam ajuda”, enfatizou, solicitando que o sobrenome dela e o nome das vítimas não fosse divulgado.
Fonte: Correio do Povo