Elevittá soluções inovadoras em acessibilidade

Empresa de Aratiba surgiu a partir de drama pessoal de um dos sócios e hoje vende até para a China

Em entrevista exclusiva realizada com Dayton Espig e Ervivelto Weinert, sócios da empresa Elevittá, de Aratiba, o jornal BV destaca uma das marcas mais inovadoras do RS no ramo de soluções em acessibilidade. Confira:

Como surgiu a Elevittá
A empresa nasceu a partir de uma experiência pessoal de um de seus sócios, que por motivos de saúde foi obrigado a usar cadeira de rodas para se locomover e nesta fase de sua vida enfrentou grande dificuldade de locomoção, principalmente para entrar em ônibus rodoviário. Esta experiência foi a semente para o projeto e o destino se encarregou do resto. Dayton Espig cursava Engenharia Mecânica e Erivelto Weinert, Administração. Ambos trabalhavam em uma grande fabricante de ônibus do Brasil, a Comil, e ali construíram carreira profissional e adquiriram o conhecimento necessário sobre o setor. Em 2012, Erivelto foi trabalhar em uma metalúrgica na cidade de Aratiba-RS, e Dayton, ainda na Comil, teve conhecimento de que a legislação caminhava para mudança a fim de incluir a acessibilidade nos ônibus rodoviários. Neste momento surgiu a ideia de criar alguma solução para acessibilidade no transporte rodoviário. Dayton, então, buscou Erivelto que era técnico em Mecânica com experiência em projetos e gestão, e juntos desenvolveram uma solução inédita – criando um sistema para buscar o cadeirante com uma poltrona do próprio veículo, ou seja, a poltrona se desloca até onde o cadeirante estiver. O sistema ficou conhecido como DPM (dispositivo de poltrona móvel).

Soluções em acessibilidade
A Elevittá tem três modelos de Dispositivo de Poltrona Móvel que são aplicados desde ônibus rodoviários até Vans, atendendo a todo segmento de transporte coletivo. O conceito desenvolvido, explicam os sócios, já é diferente por si só, pois antes não se pensava em levar uma poltrona até o cadeirante (a lógica era levar o cadeirante até um box ou poltrona). Dayton e Erivelto pensaram diferente: é o equipamento quem deve servir ao uso e não a pessoa com deficiência que deve se adequar ao meio de transporte. As vantagens e benefícios dos produtos da Elevittá, assim, vão além da acessibilidade, como, maior autonomia, conforto, segurança, agilidade, melhor custo benefício, menor custo de instalação, menor peso da categoria, além de não reduzir a quantidade de poltronas, promovendo a inclusão das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Clientes e parceiros
A empresa possui uma clientela bem diversificada, que vai desde pessoa física, com um veículo de uso particular até grandes corporações como o Grupo CNH industrial, o maior grupo de bens de capital do mundo; Marcopolo; Mascarello e fabricantes de carrocerias fora do país, como a BLK na China, AGA na Colômbia e empresas de adaptação nacionais e de alguns países da América Latina.

Colaboradores
A Elevittá conta hoje com um time de 43 colaboradores, que em sua maioria são do município de Aratiba ou moram nele.

Planos de expansão
Conforme os sócios, a empresa está sempre em expansão e não abre mão de planejar seus próximos passos a cada ano. Para 2019 pretende inaugurar nova unidade fabril a fim de ampliar a capacidade produtiva e aumentar o mix de produtos.

O olhar do Brasil em relação à pessoa com deficiência
Para Dayton e Erivelto, o Brasil deu importantes passos nos últimos anos, embora ainda seja difícil notar as mudanças. Um exemplo disso foi a inclusão da tecnologia de DPM nos ônibus escolares do programa ‘Caminhos da escola’ do governo federal, o que tornou obrigatória a acessibilidade neste tipo de veículo, com uma tecnologia nacional desenvolvida pela Elevittá.

 

“A sociedade ainda precisa quebrar alguns paradigmas, que são na maioria das vezes os fatores mais limitantes para as pessoas com deficiência. Não temos ainda a sensibilidade que deveríamos ter como sociedade, e muitas barreiras são quase intransponíveis e não nos damos conta, um exemplo bem simples é reparar quando caminhamos nas ruas de nossa cidade, não reparamos a quantidade de
degraus, calçadas, entradas de estabelecimentos comerciais com degraus, ou bem sinalizados com
piso tátil para os cegos, e muitos outros detalhes que a maioria das pessoas nem sequer imagina que
podem limitar o direito de ir e vir das pessoas com deficiência. Nos transportes o problema é ainda maior, pois é uma combinação do meio com o veículo, e muitas vezes os dois não estão adequados as necessidades das pessoas com deficiência. A mudança deve ser não só comportamental, deve ser principalmente atitudinal”.

 

Por Salus Loch