Desestabilidade na rede

As redes sociais terão a maior influência que já tiveram no Brasil nas eleições de outubro. Isso quer dizer que decidirão as eleições? Sozinhas, não. O pleito, como se sabe, envolve diferentes compostos – que vão das equipes de rua, passando pelo poder de fogo (recursos)  até chegar, por exemplo, à performance do candidato nos programas de rádio e TV, ou debates. Neste mix, correndo de mãos dadas – e que envolve estratégia e inteligência para se comunicar – encontra-se a rede social (num andar mais alto do que nunca esteve).

Sob esta lógica, um elemento surge como provável, perigoso e elementar. Diz respeito aos efeitos que as redes (WhatsApp e Facebbok, com mais força) poderão ter para desestabilizar a discussão.

Em recente evento promovido pela Fundação Getúlio Vargas, uma das painelistas apresentou relatório produzido pelo Itaú Asset Management, que mapeou as interações entre redes sociais e eleições no Brasil.

Segundo o estudo, só três partidos têm mais de um minuto e meio de televisão. A internet, nesse cenário, se torna um dos campos possíveis para a corrida eleitoral. Além da falta de tempo, os partidos e candidatos também enfrentam outros desafios na eleição de 2018. Este é o primeiro ano de pleito presidencial sem financiamento de empresas privadas (ao menos, não oficialmente).

Reconhecendo-se que os brasileiros tendem a usar as informações encontradas na rede como uma confirmação para suas opiniões prévias, a possibilidade de manipulação é quase sem fim – tornando o espectro de ‘convicção’ ainda mais absoluto e, geralmente, tacanho/nocivo: a chamada ‘bolha’.

Com ‘bolha’ ou sem, a verdade é que a internet será a forma mais rápida e barata de saber para onde está indo o discurso e as discussões das pessoas; os políticos, porém, ainda não estão fazendo isso – o que permite supor que os postulantes que souberem fazê-lo podem ter sucesso relevante na rede social e aumentam as chances de vitória.

Eu, robô

Os perfis automatizados utilizados nas eleições também ganham espaço. Segundo estudo da FGV no Rio de Janeiro, os robôs motivaram mais de 10% do debate político nas eleições de 2014, sendo 19,4% das interações de perfis favoráveis ao então candidato Aécio Neves e 9,8% das interações de perfis favoráveis a Dilma Rousseff.

Você sabia?

É mais fácil identificar perfis falsos no Twitter do que no Facebook – e um dos problemas é que no Brasil, diferente de outros países, o Facebook é a rede mais usada (neste contexto, a população de robôs não supera 10% de todos os perfis. O Twitter reconhece que 5% sejam robôs).

Por Salus Loch