Era novembro de 2016. O norte da Tailândia havia me conquistado por sua beleza cênica, mescla de serenidade e paz entre as montanhas.
Visitei Chiang Mai, Pai e Chiang Rai.
Aquele canto do mundo quase me convenceu a ficar por lá.
Quase.
Mesmo fascinado pelo clima, a simplicidade do povo e os atrativos locais, nem tudo foi alegria.
Foi de lá que acompanhei perplexo e triste o desastre aéreo da Chapecoense que vitimou 71 pessoas, entre elas o amigo e colega Renan Agnolin, jovem brilhante que teve o futuro ceifado na tragédia.
Um ano e meio depois, aquela região afastada da Tailândia retorna ao radar. Não apenas meu, mas do mundo.
Apreensivos, acompanhamos o resgate das 12 crianças de um clube de futebol e seu treinador na caverna inundada de Tham Luang, justamente, na Chiang Rai que tão bem acolhe seus visitantes.
E aqui, mais uma vez no revés, assim como no episódio da Chapecoense, parece surgir um rastro de luz no fim do túnel da humanidade, eis que sobraram orações e preces, pedindo por um desfecho feliz com os pequenos – que sabemos nem sempre ocorre.
Que sejamos, pois, tão ‘humanos’ nas vicissitudes do cotidiano, quanto nas desgraças coletivas.
Que respeitemos o próximo, apesar das diferenças. Aos brasileiros, em geral, isso nos falta – e muito.
Depois de dias de angústias, graças ao trabalho heroico dos envolvidos no resgate, enfim, as crianças saíram sãs e salvas da caverna de Chiang Rai.
Do ‘lado de fora’, agora cabe a nós, como ensina a alegoria de Platão, conseguirmos enxergar mais do que as sombras refletidas na profundeza de nossa aldeia global; não só na tristeza, mas também na alegria.
Que bom seria se ficássemos felizes com a felicidade daqueles que estão ao lado – independente de quem seja.
Por Salus Loch