I
A dificuldade econômica que o país vem enfrentando nos últimos anos atingiu praticamente todos os setores, inclusive o futebol. É claro, no esporte parece ter demorado um pouco mais para chegar. A temporada 2018 é a prova disso, salários astronômicos de jogadores e treinadores parecem ser cada vez menos comum no futebol brasileiro. Acredito que nunca antes na história do futebol pentacampeão do mundo se utilizou tanto a palavras cautela, responsabilidade e criatividade, como agora. Com exceção de alguns clubes como, por exemplo, o Palmeiras, que tem por trás uma grande instituição financeira, a Crefisa, o restante está vivendo um momento inusitado e incomum se compararmos com as últimas décadas.
II
O Corinthians campeão brasileiro de 2017 venceu a principal competição do futebol verde-amarelo apostando em um treinador criado na base do clube, e sem nenhuma grande estrela. O Grêmio, campeão da América e vice do Mundial na temporada passada, chegou onde chegou sem nenhum grande nome. Jael, por exemplo, recebia X e pediu Y para ficar, a direção não aceitou pagar.
III
O Internacional apostou em Odair Helmann, um treinador jovem e formado na base para comandar o clube em 2018. A principal contratação do colorado foi o lateral direito Dudu, que veio do Figueirense. Em Erechim, o Ypiranga passa por sérias dificuldades econômicas, e foi ao mercado buscar um profissional que tivesse a capacidade de fazer mais com menos, ou seja, trouxe Renan Mobarack, para montar um grupo barato, mas em condições de subir para a primeira divisão do futebol gaúcho. A folha salarial do Canarinho, que chegou a passar dos R$ 300 mil recentemente, hoje gira em torno de R$ 100 mil, com comissão técnica e gerente de futebol.
Questionei quando o Canarinho não quis pagar salários altos para trazer um treinador de ponta como Picoli e Benhur Pereira. Hoje, vejo que a direção e o seu gerente de futebol estavam certos. Boa parte dos treinadores que comandam os clubes do Gauchão 2018 é jovem, como é Márcio Nunes. No futsal ainda tem alguns clubes que pegam altos salários, mas também a realidade está mudando. Há duas ou três temporadas, era inimaginável pensar que o Atlântico poderia ter no seu grupo quatro jogadores de seleção brasileira. Em 2018 o Galo terá Keké, Jé, Careca e Cabreuva.
V
O futebol brasileiro de modo geral está vivendo um novo momento. Se há algum tempo os dirigentes corriam risco de comprometer as finanças dos clubes para tentar contratar medalhões para ganhar títulos, agora eles correm o risco do rebaixamento, mas não comprometem o financeiro. A conta é simples, não pode gastar mais do que a receita permite. A nova geração de dirigentes de futebol parece estar disposta a fazer gestões mais responsáveis e cautelosas.
Por Fabio Lazzarotto