Um consórcio formado por cooperativas financeiras para testar o real digital, a versão tokenizada real digital oficial chamado Drex, nome escolhido pelo Banco Central (BC), emitiu os primeiros tokens da moeda.
No grupo, estão duas gaúchas – Sicredi e Unicred -, além de Ailos, Cresol e Sicoob, que já simularam a conversão de saldo da reserva bancária de uma instituição financeira para a sua carteira de real digital. Conforme nota emitida pelo consórcio, o piloto avança “muito bem”.
Os sistemas cooperativos estão envolvidos nas discussões de inovação do mercado financeiro, o que foi fundamental para que o BC selecionasse a coalização para participar do piloto, já que a experiência com tecnologia DLT (distributed ledger technology, ou tecnologia de ledger distribuído) foi um dos critérios para a seleção.
Os próximos cenários de testes envolvem a emissão de real tokenizado e a transferência de ativos entre diferentes carteiras, além das operações envolvendo títulos públicos tokenizados. A aprovação do grupo de cooperativas no piloto do real digital ocorreu em maio, quando o BC anunciou os participantes nos testes da moeda. Mais de cem instituições apresentaram proposta, das quais 16 foram aprovadas, entre as quais o consórcio das cooperativas. O primeiro “nó” na rede da nova moeda digital foi desenvolvido em julho.
O real “tokenizado”
Sim, é meio complicadinho, mas a coluna tenta explicar: o real digital será uma forma de dinheiro tokenizada. Como? Significa que tem registro digital. A diferença é que hoje, quem define se uma pessoa tem R$ 10 na conta, e outra tem R$ 20 é um intermediário, no caso as instituições financeiras. A “tokenização” é uma operação digital que, de certa forma, substitui os bancos. Vários processos conferem a autenticidade do valor, o que dá robustez e segurança ao registro digital, permitindo que outros verifiquem. O que determina a propriedade do valor é uma chave privada do token. Hoje, quem “perde bitcoins”, na verdade, perdeu a chave, e como o processo é totalmente descentralizado, não é possível recuperá-la.
— O BC não está fazendo uma criptomoeda, mas a representação da moeda nacional dentro desse universo de ativos digitais. A economia está se tokenizando. Já existem músicas, obras de arte, ativos financeiros, automóveis e imóveis tokenizados. Precisa de uma moeda para completar a transação de forma segura. Na falta de uma moeda oficial, são usadas criptomoedas e stablecoins. Mas baste olhar o dos criptoativos no Brasil, que não usados para pagamento, mas para investimento, as pessoas compram pela expectativa de variação no preço, não para fazer pagamentos — afirma Fabio Araujo, economista do Banco Central.
Por GZH