A redução dos abates de bovinos no Rio Grande do Sul pressiona frigoríficos e se reflete no campo. De uma média de 45 mil cabeças no final do ano passado, os abates caíram para 33 mil na última semana.
O número está abaixo do mesmo período do ano passado, quando a média ficou acima de 40 mil. A situação é resultado da alta de preços em 2019, em razão do aumento da demanda externa. O aumento espantou o consumidor das gôndolas dos supermercados. Nem a redução gradual do valor este ano trouxe de volta o apetite dos gaúchos pela proteína.
– Hoje, há descompasso entre a redução média de 10% no preço da carne que sai do frigorífico e o praticado no varejo. Precisa equilíbrio, já que no supermercado a queda está mais lenta – alerta Ronei Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no RS (Sicadergs).
No Estado, a queda não é verificada em todos os cortes. Alguns preços chegaram a cair até 20%, mas outros não baixaram, explica Lauxen. Enquanto isso, no país, ele detalha que os valores reduziram 20% este ano:
– Se a situação se mantiver, perderemos competitividade. São dois fatores que preocupam: descolamento de preços em relação às demais regiões do país e efetiva redução do consumo.
Por isso, ele avalia que é necessário criar condições para as pessoas voltarem a comprar cortes bovinos.
– Se falou durante 45 dias sobre alta do preço, hoje o consumidor está quase com medo de ir até o balcão da carne – lamenta.
Paulo Squeff Conceição, pecuarista de Herval e Arroio Grande, explica que a formação do preço no varejo nem sempre está ligada ao valor do boi.
Francisco Schardong, presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), lembra que há mais de cinco anos a pecuária não tinha reajuste:
– Agora começamos a receber remuneração justa, que o mercado interno, em razão da situação econômica, tem dificuldade de absorver.
Fonte: gauchazh