Cinco cavalos de grupo que conduz Chama Crioula morrem após suspeita de ingestão de planta tóxica

Outros sete cavalos apresentaram sintomas de intoxicação mas foram socorridos por equipe veterinária

Cinco cavalos do grupo que conduzia a Chama Crioula entre Alegrete e Chuí teriam morrido após ingerir uma planta tóxica. A suspeita é que os equinos consumiram uma vegetação de elevado potencial nocivo, conhecida como mio mio, que é comum no interior gaúcho. O caso ocorreu na madrugada, entre terça e quarta-feira, durante um pernoite em Rosário do Sul.

Os animais pertenciam aos cavaleiros do grupo Pé no Estribo, que tem base no Chuí. Outros sete cavalos também apresentaram sintomas de envenenamento, mas foram socorridos por uma equipe veterinária do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e sobreviveram. A expectativa é que as amostras coletadas dos equídeos mortos confirmem se houve contaminação.

O coordenador da 6ª Região Tradicionalista, Roberto Ferreira, aponta que foram constatados sinais similares aos efeitos de intoxicação por mio mio no ocorrido. Isso porque os cavalos apresentavam um quadro geral de apatia, diarreia aquosa e dor moderada contínua, entre outros sintomas gerados pela ingestão da planta.

“Os participantes foram surpreendidos com a situação na manhã de quarta-feira. Ainda bem que houve tempo de prestar socorro veterinário para outra parte dos cavalos, que foi salva. Não há como precisar a causa da fatalidade no momento mas, pelo que observamos, tudo indica que foi um caso de intoxicação por mio mio”, ponderou o homem.

Ferreira explica que animais criados em campos onde existe a planta raramente se intoxicam. O motivo é que os bichos acabam aprendendo que esse tipo de vegetação não é própria para consumo e, por uma questão de sobrevivência, não a consomem. Em outras palavras, o fato dos cavalos terem vindo de outra cidade pode ter motivado a ingestão da erva venenosa.

Ainda de acordo com o tradicionalista, os participantes foram alertados com antecedência para o risco de haver a planta em áreas percorridas na cavalgada. Prova disso seria outro grupo, vindo de Rio Grande, que também faz o trajeto e não registrou nenhuma situação atípica com os cavalos.

No estado, a proliferação do miu miu ocorre principalmente na região da fronteira com a Argentina e o Uruguai. Levantamentos do Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas (HCV-UFPel) indicam que equinos se mostram mais sensíveis à ação tóxica da planta do que os bovinos e ovinos, apesar de terem um hábito alimentar mais seletivo. O apontamento demonstra ainda que doses capazes de desenvolver uma intoxicação mais grave podem variar entre 0,125 a 0,5g/Kg, com evolução clínica de 12 a 26 horas. A reação no organismo do animal, no entanto, pode ser observada em até cinco horas após a ingestão. O óbito em geral ocorre em menos de 24 horas.

A Chama Crioula foi acesa na última sexta-feira, em Alegrete. Conforme manda a tradição, o símbolo dos festejos farroupilhas ainda será conduzido por todo o Rio Grande do Sul.

Fonte: Correio do Povo