Em 2017, um objeto interestelar despertou especulação sobre sua origem. A maioria dos cientistas achou que o visitante em forma de charuto, com menos de um quilômetro de comprimento, era um cometa ou asteroide.
Mas um astrofísico da Universidade de Harvard, nos EUA, acredita que é uma criação alienígena, uma espécie de vela, antena ou mesmo uma nave espacial. Agora, como mostra o site da revista científica Science, o pesquisador está criando o projeto Galileo para procurar mais objetos desse tipo.
A iniciativa usará telescópios para procurar sistematicamente artefatos misteriosos que poderiam ser satélites ocultos na órbita da Terra, objetos interestelares (naturais ou não) e até mesmo espaçonaves inexplicáveis na atmosfera da Terra. Depois que o cientista Avi Loeb publicou seu livro Extraterrestrial, em fevereiro deste ano, que trata o objeto como tecnologia alienígena, ele diz que vários indivíduos ricos entraram em contato para oferecer financiamento para a nova pesquisa.
Conforme a Science, quatro apoiadores doaram US$ 1,75 milhão (cerca de R$ 9,13 milhões). Com isso, o cientista de Harvard montou uma equipe de pesquisa envolvendo conhecidos astrônomos e pesquisadores de outras áreas, embora admita que nem todos que abordou foram receptivos. “A comunidade científica deve ter a mente aberta. É assim que fazemos progresso”, comenta Avi Loeb.
O projeto propõe o uso de dados de telescópios de pesquisa atuais e em construção, como o observatório Vera C. Rubin, de 8 m, que está sendo instalado no Chile, para procurar mais objetos como o Oumuamua.
Como mostra a Science, alguns pesquisadores que já estão envolvidos na busca por inteligência extraterrestre, por meio do instituto SETI, aprovam a ideia do israelita-americano. “Todos ficariam emocionados em ver de perto algo como Oumuamua”, comenta o astrônomo Jason Wright, diretor do Centro de Inteligência Extraterrestre da Universidade Estadual de Penn State, nos EUA, citado pela revista científica.
O projeto Galileo também terá como objetivo obter imagens de alta qualidade de fenômenos aéreos não identificados para descobrir sua natureza, revela a Science. Um telescópio de 1 m com um sensor moderno pode ver detalhes minúsculos (cerca de 1 mm num objeto a 1 km de distância), diz Avi Loeb. E esse instrumento pode ser encomendado por US$ 500.000 (cerca de R$ 2,6 milhões).
Se o financiamento permitir, ele posicionará dezenas de telescópios de forma estratégica ao redor da Terra, examinando os céus em busca dos fenômenos inexplicáveis, talvez auxiliado por radar e sensores infravermelhos, informa a revista.
Uma terceira parte do projeto deve envolver a busca por satélites extraterrestres em órbita ao redor do nosso planeta, usando técnicas de inteligência artificial para processar dados de atuais telescópios.