Chuvas intensas geram danos e prejuízos às safras no RS

As chuvas volumosas que atingiram boa parte do Rio Grande do Sul nos últimos dias causaram danos em algumas lavouras de trigo que estão nas fases de floração e início da formação dos grãos, principalmente devido ao acamamento em certas áreas e à queda de flores das plantas. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quarta-feira (06/09) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), a extensão dos danos e o possível impacto na produtividade ainda não puderam ser avaliados com precisão, sendo necessária a melhoria das condições ambientais para aguardar a reação das lavouras após o fenômeno climático, o que permitirá a realização de vistorias de avaliação. No momento, a principal fase reprodutiva do trigo é a floração, que alcança 49% dos cultivos. Parte das lavouras, localizadas a Noroeste do Estado, evoluiu para maturação. A área cultivada na Safra 2023 está estimada em 1.505.704 hectares, e a produtividade prevista é de 3.021 kg/ha.

Para o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, o mais importante neste momento é salvar vidas. “Há muitas pessoas para serem atendidas e socorridas e essa é a prioridade. Só depois vamos contabilizar as perdas na agricultura e na pecuária, já que muitos rebanhos também estão sofrendo com os alagamentos provocados pelas enxurradas”, avalia.

Aveia branca – A área de cultivo na safra 2023 é de 365.081 hectares, e a produtividade está estimada em 2.340 kg/ha. As lavouras mantêm bom potencial produtivo. No entanto, as fortes chuvas, ocorridas após 01/09, causaram o acamamento de plantas nas lavouras em fase de formação e de enchimento de grãos, devido ao aumento do peso das panículas, provocado pela água acumulada nas estruturas que os envolvem.

Canola – A área de cultivo estimada é de 67.219 hectares, e a produtividade está estimada em 1.632 kg/ha. O tempo seco até 31/08 contribuiu para o bom desenvolvimento das lavouras e para uma expansão na colheita. Em geral, os cultivos apresentam boa aparência e desenvolvimento. Entretanto, há preocupações entre os produtores em função das chuvas torrenciais e ventos, que podem ter causado danos, provocando queda de flores nas lavouras em floração e queda de grãos nas lavouras em fase final de maturação. No entanto, ainda não foi possível avaliar a extensão desses danos.

Cevada – A projeção de cultivo é de 35.899 hectares, e a produtividade esperada é de 3.144 kg/ha. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, encontra-se a maior área de cultivo de cevada no Estado, vinculada às cervejarias por meio de contratos comerciais. No momento, a cultura apresenta condições ótimas, e todas as lavouras se encontram no estágio de floração. Na de Ijuí, o potencial produtivo das lavouras ainda é positivo, apesar de pequenos acamamentos isolados, causados pelas chuvas. Do ponto de vista fenológico, 30% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 50% em fase de floração e 20% em fase de enchimento de grãos.

CULTIVOS DE VERÃO

A semeadura dos cultivos de verão para a Safra 2023/2024 apresentaram progresso significativo, em função do tempo seco, até o dia 31 de agosto. No entanto, as precipitações intensas, que iniciaram na última sexta-feira (01/09), causaram erosão nas lavouras de milho onde o preparo do solo seguiu o método convencional ou onde a cobertura vegetal era insuficiente para mitigar o impacto das gotas de chuva. Esse cenário resultou em considerável escoamento superficial e na formação de sulcos, que transportaram fertilizantes para áreas mais baixas, incluindo rios; a extensão dos danos ainda não foi avaliada. Além disso, algumas lavouras de milho que foram recentemente implantadas e ainda não tinham emergido, podem enfrentar problemas de selamento superficial devido às chuvas intensas.

A chegada de uma frente fria com altos volumes de chuvas adiou o início dos trabalhos de plantio do arroz na maioria dos municípios, onde se esperam melhores condições climáticas nos próximos dias. O Instituto Rio-Grandense de Arroz (Irga) projeta área de cultivo de 902.425 hectares. A Emater/RS-Ascar estima produtividade de 8.359 kg/ha, resultando em produção de 7.543.137 toneladas para a Safra 2023/2024,.

Para a nova safra de feijão 1ª safra, projeta-se área de cultivo de 29.053 hectares. A estimativa de produtividade é de 1.775 kg/ha, resultando em produção de 51.555 toneladas. A cultura está em início de semeadura. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a estimativa de cultivo da próxima safra é de 2.327 kg/ha em 12.057 hectares, culminando em produção de 28.057 toneladas. Já na de Pelotas, projetam-se 1.382 hectares, com uma produtividade prevista de 1.111 kg/ha, totalizando 1.535 toneladas. O cultivar preferido para o cultivo é o feijão preto. Os produtores têm relatado dificuldades em obter sementes de alta qualidade, uma vez que somente há disponibilidade no mercado de grãos comercializados como sementes. As áreas de lavoura já foram selecionadas, e o preparo do solo iniciado com o objetivo de realizar o plantio do feijão durante setembro, época considerada ideal para a implantação das lavouras na região.

CRIAÇÕES

BOVINOCULTURA DE CORTE – O escore corporal dos animais tem melhorado em função do aumento da oferta de pastagem de inverno. Contudo, os rebanhos sem pastagens de inverno enfrentam dificuldades na manutenção de peso, devido à escassez e à baixa qualidade da forragem no campo nativo, durante este período. Os valores pagos aos produtores continuam a diminuir, pois a retirada dos animais das áreas de pastagem está aumentando a oferta de boi gordo no mercado regional.

BOVINOCULTURA DE LEITE – O tempo seco no início do período foi benéfico para o desenvolvimento e para o uso das pastagens na bovinocultura de leite. Contudo, a partir de 1º de setembro, os volumes elevados de chuva causaram transtornos, dificultando o acesso às pastagens. Em algumas propriedades, a suplementação com feno e o aumento na oferta de milho têm se tornado alternativas. Porém, produtores com recursos limitados têm utilizado pastagens, mesmo em condições inadequadas, o que pode levar à degradação dessas áreas por falta de opções alimentares para os animais.

APICULTURA – Na região administrativa de Emater/RS-Ascar de Bagé, em Alegrete, os apicultores estão revisando as colmeias e realizando a suplementação alimentar antes do início da temporada de floradas. Em Santana do Livramento, observa-se alta atividade dos enxames, que estão forrageando em áreas de eucalipto, em pomares de pêssego e citros. Na de Caxias do Sul, a saúde das abelhas é satisfatória, e não há relatos de mortes junto às colmeias nem abandono de caixas. A gestão constante desses estoques é crucial para evitar o abandono das colmeias ou mortes por inanição das abelhas. Na de Erechim, prosseguem os trabalhos de manutenção e monitoramento das colmeias principalmente devido à baixa disponibilidade de floradas no momento. Na de Ijuí, observa-se aumento na florada de plantas nativas, com destaque para a pitanga, favorecendo o trabalho das abelhas na coleta de material para a produção de mel. Na de Passo Fundo, ainda há níveis baixos de alimentos armazenados e, em situações extremas, é necessário fornecer alimentação artificial. Os apicultores retomaram a limpeza e a reposição dos caixilhos nos ninhos, e não foram observados problemas de saúde nos enxames.

Na de Pelotas, em Morro Redondo, os apicultores realizam manejos de inverno, incluindo limpeza, troca de favos, alimentação e controle da varroa nas colmeias. As colmeias têm apresentado condições satisfatórias. Há poucas perdas de enxames durante o inverno, e as abelhas têm aproveitado os dias mais quentes para suas atividades. Na de Santa Maria, a comercialização do mel, em Santiago, Cacequi e São Francisco de Assis, enfrenta dificuldades devido aos preços reduzidos e aos obstáculos no mercado. Na de Santa Rosa, as abelhas se beneficiaram das temperaturas amenas e do tempo seco para coletar pólen e néctar, mas as chuvas torrenciais, a partir de sexta-feira, paralisaram suas atividades. Na de Soledade, as baixas temperaturas prejudicaram a atividade apícola, afetando a coleta de alimentos pelos enxames. No entanto, a floração de diversas espécies nativas e plantadas está aumentando a cada dia.

 

Por Ascom