A Central Estadual de Transplantes incluiu testes RT-PCR, destinados à detecção de coronavírus, no processo de validação de doadores de órgãos para transplantes e intensificou o trabalho das suas equipes durante a pandemia de Covid-19.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Sandra Lúcia Coccaro de Souza, explica que o exame RT-PCR é necessário para realização do procedimento. “A comprovação do resultado do teste é fundamental” ressalta. Segundo ela, a coleta de amostras é realizada em ambiente hospitalar, em doadores falecidos e em receptores internados junto às equipes de transplantes. No Rio Grande do Sul, os testes são feitos pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), por laboratórios particulares e em laboratórios de hospitais, como o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Santa Casa de Misericórdia. Tanto o doador como o receptor têm prioridade no diagnóstico da testagem. “Cabe lembrar que os resultados podem levar de 24 a 48 horas, é uma corrida contra o tempo e se o resultado do teste retarda, pode-se perder um potencial doador”.vv
Neste período de crise sanitária, o Rio Grande do Sul apresentou queda no número de transplantes realizados. Conforme os registros da Central de Transplantes, em março de 2020 foram realizados 63 transplantes, 39 em abril e 21 em maio, demonstrando o impacto que o COVID-19 trouxe ao RS.
Sandra explica que “esses resultados são muito preliminares, considerando que estamos somente há três meses com a pandemia”. Segundo ela, foi uma queda leve e ocorreu devido à detecção de casos confirmados de Covid-19, o que inviabilizou a validação de doadores. Além da presença do coronavírus, também existem outras contra-indicações absolutas para prosseguir a validação do doador, tais como septicemias, neoplasias e HIV.
“Os números de transplantes podem diminuir por uma série de variáveis, tais como, diminuição das notificações de morte encefálica, diminuição na efetivação dos doadores, alterações referentes à logística local e modificações nas diversas equipes transplantadoras, em caráter não permanente”, avalia.
A coordenadora lembra que neste segmento da saúde, o tratamento é voltado para situações de extrema gravidade, para doentes crônicos com comorbidades que requerem uma atenção extremamente específica. Somado a isso, está o desafio de encontrar doadores compatíveis com o receptor, a possibilidade de rejeição após o transplante e as dificuldades da sobrevida destes pacientes. Na sua opinião, os critérios de efetivação dos doadores devem ser criteriosamente avaliados pela mesa reguladora da Central de Transplantes. “A pandemia de Covid19 veio aumentar de sobremaneira os cuidados para com o doador e sua validação às equipes transplantadoras que realizam o procedimento”, conclui.