Durante 2h30min os representantes do Ministério Público e a assistência de acusação discorreram sobre sua tese sobre os réus no caso da Boate Kiss. Os promotores David Medina e Lucia Helena Callegari e o advogado da Associação de Vítimas da Tragédia de Santa Maria defenderam que Elissandro Callegaro Spohr, Mauro Londero Hoffmann, Luciano Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos sejam condenados por homicídio doloso.
Inicialmente o promotor David Medina que foi o primeiro a falar e fez um pronunciamento mais técnico explicando que, no dolo eventual, o indivíduo, mesmo tendo previsão do resultado, opta por praticar o ato. O autor prevê, admite e aceita o risco de produzi-lo. “Colocar fogo num lugar cheio de gente é crime doloso”. Ele seguiu e afirmou que os réus não queriam matar. “Nós nunca dissemos isso. Age com dolo quem quer e quem não quer”, explicou.
Medina comparou a prisão a que os réus estão sujeitos ao sofrimento dos pais. “Não existe prisão pior do que a desses pais, dessas mãe”. O promotor falou que os réus foram gananciosos, mostrou fotos de corpos das vítimas no banheiro e para concluir citou um trecho da música “Pedaço de mim” de Chico Buarque que diz Oh, pedaço de mim/ Oh, metade arrancada de mim/ leva o vulto teu/ que a saudade é o revés de um parto/A saudade é arrumar o quarto Do filho que já morreu”.
O advogado que representa as vítimas no processo da Kiss discorreu sobre a lotação da boate e afirmou que Elissandro e Mauro Hoffmann deixaram a tragédia acontecer. Ele falou também sobre a participação e responsabilidade dos outros réus . “Se não tivessem posto fogo na boate, ninguém ia morrer”.
A promotora Lucia Helena Callegari foi menos técnica e mais didática em sua fala e disse que este júri está construindo história. “Estamos aqui para mostrar para o mundo que a história não pode se repetir”, afirmou.
Ela apresentou depoimentos que mostravam que havia ordens para que os seguranças segurassem as portas para evitar que as pessoas saíssem sem pagar, porque dias antes havia ocorrido um episódio que as pessoas deixaram o local sem pagar as comandas de consumo.
Callegari concluiu sua fala dizendo que o júri mostraria ao mundo o que queria para o futuro. Estamos aqui para fazer uma história que pode ser positiva ou negativa, se aprovamos ou não aquela conduta. Façam aquilo que os senhores deveriam fazer para os seus filhos”, concluiu a promotora.