Durante cerimônia que reuniu amigos, familiares e autoridades, o Município recebeu a doação do Acervo de Ondina Maria Piaia ao Projeto Legados Culturais, na tarde da última sexta-feira, dia 26. A Biblioteca Municipal Dr. Gladstone Osório Mársico passa a abrigar a diversidade de itens que fizeram parte da rotina de vida da doadora e também os que foram coletados em viagens a 43 países. São 1630 livros, 71 álbuns, 493 objetos históricos, CDs, DVDs, quadros e móveis. Mais de 2.000 peças estão expostas no local aberto a toda a comunidade.
Emoção e gratidão marcaram a solenidade de entrega do acervo quando familiares e amigos deram seus testemunhos sobre Ondina Piaia. O pronunciamento do Prefeito Luiz Francisco Schmidt seguiu o tom do prestigiado encontro: “Essa mulher de postura firme, generosa e de gestos largos, sempre tentou construir um mundo melhor. Que este memorial seja lembrança e cumpra um pouco do muito que ela sonhou”
A testamenteira Eni Escandolara, ao ressaltar a vontade expressa por Ondina em vida e que assegura às futuras gerações oportunidade de mais conhecimento, também destacou o apoio recebido por parte da administração municipal para a concretização o projeto. “As autoridades municipais acolheram este sonho e nos deram todas as condições para torná-lo realidade, inclusive com este local muito bem organizado como merece essa coletânea de vida”.
Ondina Maria Piaia
Nascida em Guaporé no dia 14 de janeiro do ano de 1931, Ondina Maria Piaia era professora aposentada. De família humilde, com 15 irmãos, conviveu com os familiares até os 19 anos. Dedicou 25 anos a vida religiosa, 36 a vida comunitária e residia em Erechim desde 1976.
Trabalhou por sete anos na então Delegacia de Educação como supervisora e assistente social. Em 1983 aposentou-se como professora e começou a atuar como militante pelas causas sociais, o que a notabilizou na Capital da Amizade. Ficou conhecida pelos protestos e indignação contra injustiças e corrupção, e também por, em 1992, ter chamado a confluência da Avenida Maurício Cardoso com as ruas Itália e Nelson Ehlers de Esquina Democrática, por se concentrarem ali as manifestações.
Nos últimos anos organizava seu legado cultural que reuniu ao longo da vida e queria deixar para a sociedade de Erechim. Faleceu aos 86 anos em 1º de novembro de 2017.
Legado Cultural
Surgiu no ano de 2008 através de uma indicação da Vereadora Eni Maria Scandolara, aprovada por unanimidade pelo Poder Legislativo e que posteriormente tornou-se a Lei Municipal nº 4414 que criou o Centro Municipal Legados Culturais, sancionada pelo então prefeito Eloi João Zanella.
De acordo com a legislação o Poder Público disponibilizará espaço físico adequado para o referido Centro com vistas a guarda, visitação e consulta aos acervos que possam vir a ser doados. O acervo deverá permanecer em espaço único com identificação de seu doador. Além disso, o local será organizado como espaço de trabalho interdisciplinar e estará aberto, professores, pesquisadores, alunos de todos os níveis de ensino e população em geral.