Banco Central faz maior intervenção no câmbio desde 1999, e dólar cai e fecha a R$ 6,12

Após bater recorde de R$ 6,30 pela manhã, o dólar fechou em queda nessa quinta-feira (19), cotado a R$ 6,12. A redução do valor só foi possível graças a dois leilões de dólar realizados pelo Banco Central do Brasil (BC) para aumentar a oferta da moeda norte-americana no País e conter a desvalorização do real.

O dólar caiu 2,32%, cotado a R$ 6,1216. Na máxima do dia, porém, chegou a R$ 6,3000. Com o resultado, acumulou ganhos de 1,44% na semana; alta de 2,02% no mês; e avanço de 26,15% no ano. Na véspera, a moeda norte-americana subiu 2,82%, cotada a R$ 6,2672.

O primeiro leilão, por volta das 9h30, vendeu US$ 3 bilhões, mas não foi suficiente para conter a alta. O BC, então, anunciou um segundo leilão, de mais US$ 5 bilhões, para as 10h35. Pouco antes de 12h, a moeda americana passou a operar abaixo dos R$ 6,20.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou nesta quinta que houve uma saída extraordinária de recursos do Brasil neste fim de ano e, por isso, a instituição resolveu intervir com leilões de venda de dólares. Gabriel Galípolo, o futuro chefe da autoridade monetária, disse não ver “ataque especulativo” contra o real.

“Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, uma coisa só, coordenada. Mercado funciona geralmente com posições contrárias, tem alguém comprando e alguém vendendo. Quando o preço de ativo [como o dólar] se mobiliza em uma direção, têm vencedores e perdedores. Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje”, declarou Galípolo.

Além das declarações dos integrantes do BC, o foco do mercado continuou no cenário fiscal, com a tramitação dos projetos do pacote de corte de gastos do governo. Na tarde desta quinta, foi aprovado em 1º turno o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria novas regras para o abono salarial e prorroga a desvinculação de receitas da União, que libera recursos antes alocados em determinadas áreas.

Na quarta-feira, o relator de outro projeto do pacote na Câmara dos Deputados apresentou seus pareceres para que os textos sejam votados na Casa. O problema é que houve uma “desidratação” de algumas medidas — ou seja, amenizou alguns pontos no texto que podem resultar em uma contenção das despesas públicas menor que o esperado.

Investidores acompanham de perto o desenrolar das propostas. Há um temor de que as medidas anunciadas não sejam suficientes para equilibrar as contas públicas e conter o avanço das despesas do governo. Novas votações devem ocorrer ainda nesta quinta.

Além do cenário fiscal, o mercado repercute, também, o relatório de inflação do BC. A instituição admitiu oficialmente que a meta de inflação, em 2024, será descumprida novamente, pelo terceiro ano seguido. A meta para 2024 era de 3% e poderia oscilar entre 1,50% e 4,50% para ser considerada formalmente cumprida.

Com informações de O Sul

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