O projeto de incentivo à produção e consumo de alimentos agroecológicos desenvolvido pela Prefeitura de Aratiba foi selecionado para ser apresentado na Conferência Internacional “Agriculture and Food in an Urbanizing Society” (III AgUrb), organizada este ano pela UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O evento reuniu de 17 a 21 deste mês, em Porto Alegre, múltiplos atores envolvidos nas questões agroalimentares. Vários pesquisadores de entidades internacionais participaram dos debates e reflexões do III AgUrb, que teve por tema principal a “Alimentação saudável, sociobiodiversidade e sistemas agroalimentares sustentáveis”.
O evento teve por objetivo refletir e debater estratégias de produção, distribuição e consumo de alimentos no contexto de sociedades cada vez mais urbanizadas, e representou um momento para se apresentar e difundir conceitos, práticas e processos relacionados a sistemas agroalimentares sustentáveis e resilientes. No total, o evento reuniu 170 especialistas de 36 países. A programação inclui quatro painéis integrados por especialistas e representantes de governos e de organismos internacionais, simpósios, diferentes grupos de trabalhos temáticos e saídas de campo.
O prefeito de Aratiba, Guilherme Granzotto, o secretário da Agricultura, Lenir Cristmann e a assessora de imprensa da prefeitura, Mengele Dalponte, representaram o município e apresentaram o projeto que está sendo desenvolvido com 45 famílias de agricultores familiares. O projeto consiste em promover a transição da agricultura convencional para a produção agroecológica. A prefeitura organiza a produção e fornece a assistência técnica. O trabalho conjunto com as cooperativas locais como a Copaal e a Cecafes- central de comercialização de produtos da agricultura familiar, dá conta da logística e da colocação dos produtos no mercado. Os orgânicos de Aratiba são certificados pela Rede Ecovida e consumidos na merenda escolar do município e vendidos na cidade e em redes de supermercados de Erechim e de Concórdia, SC. Para o prefeito, o fundamental é que o projeto trabalha com agricultores que estão fora de outras cadeias produtivas. “Estamos construindo uma alternativa para quem não tem condições de entrar ou está sendo excluído das demais atividades. Ele pensa na rentabilidade e nas formas de atingir os mercados, que um pequeno agricultor, sozinho, não consegue alcançar”, garante. Ele comemorou, também, o fato do projeto ter sido selecionado para ser apresentado numa conferência tão importante como a AgUrb. “Mostra que estamos no caminho certo, que estamos olhando para as nossas possibilidades enquanto o mundo está discutindo a qualidade da alimentação. O fato da agricultura familiar produzir grande parte dos alimentos que estão na mesa das pessoas todos os dias, credencia estes agricultores a construir a mudança. À prefeitura cabe apoiar esta transformação”.
Sobre a Conferência
Esta é a primeira vez que a AgUrb acontece no Brasil. A primeira edição da Conferência Internacional Agricultura em uma Sociedade Urbanizada foi realizada em abril de 2012 na Universidade de Wageningen, na Holanda. Tendo como tema Agricultura multifuncional e as relações rurais-urbanas (Multifunctional Agriculture and Urban-Rural Relations), o encontro contou com a presença de 253 participantes de diversos países e 19 grupos de trabalho.
A 2ª conferência, realizada entre os dias 14 e 17 de Setembro de 2015 em Roma, recebeu 370 participantes, organizados em 24 grupos de trabalho. Sediada na Universidade Roma Ter, esta edição teve como tema central “A reconexão da agricultura e das cadeias alimentares às necessidades sociais” (Reconnecting Agriculture and Food Chains to Societal Needs). A presença de participantes de mais de 60 países, consolidou o caráter internacional do evento, incentivando a realização em outros continentes. Nesse contexto, o Brasil foi escolhido para sediar a 3ª edição da Conferência, em 2018.