“Aposentado com um salário mínimo, não sobrevive sem buscar uma linha de crédito”, diz Tulio Lichtenstein

Por isso, suspensão do crédito consignado do INSS gera preocupação

O crédito consignado para aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), tem sido tema de pautas e polêmicas nos últimos dias. O patamar fixado pelo Conselho Nacional de Previdência Social de 1,70% ao mês, não atende a estrutura de custo dos bancos. E, esse foi o tema central do TL News, com o comentarista econômico, Tulio Lichtenstein, nesta quarta-feira (22).

“Fomos surpreendidos na semana passada pelo anúncio do Ministro da Previdência, Carlos Lupi. Sem consultar a Febraban e o próprio governo, divulgou uma nova decisão na taxa de juros do crédito consignado, fazendo com que as principais instituições que operam com essas linhas, Banco do Brasil e a Caixa Federal, suspendessem as operações no país”, disse Lichtenstein.

Tal decisão sem consultar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Casa Civil ou o Ministério da Fazenda, impactou o mercado. “Simplesmente reduziu a taxa de juros que era de 2,14% no Banco PAN, 1,86% na Caixa Federal e 2,0% no Banrisul, para 1,70%. Sendo que as instituições alegam que trabalhar nessa taxa é algo incompatível e inviável”, comentou.

Tulio Lichtenstein destacou ser favorável à redução das taxas, mas não no patamar negativo. “O que traz preocupação hoje é que um aposentado que vive apenas com um salário mínimo, não sobrevive sem buscar uma linha de crédito, devido ao alto custo dos alimentos, medicação e tantos outros fatores”. Também trouxe dados que comprovam tais informações. “No Brasil atualmente, 42% dos aposentados estão negativados. Se eles não conseguirem mais buscar recursos do crédito consignado, terão que recorrer para outras linhas de crédito. Outras linhas para quem tem restritivo chegam bater 12,15 e até 20 pontos percentuais ao mês, muito acima de um cheque especial e cartão de crédito”, explicou.

Para o comentarista econômico o melhor caminho será a busca de um meio termo, “um denominador comum que contemple o aposentado, mas também todo negócio precisa ter a sua margem de lucro, não pode trabalhar empatando ou no negativo. Acredito, que o ideal seria 1,90% ao mês, tendo em vista a taxa selic de 13,75%”.

Lichtenstein também mencionou que o saldo de consignado do INSS no Brasil está na casa de R$ 215 bilhões. “Em janeiro de 2023, foi concedido R$ 7,6 bilhões de crédito consignado e a média mensal foi de R$ 5,2 bilhões para aposentados do INSS”, finalizou.

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