Antecipação da pré-campanha eleitoral para deputado: os pré-candidatos de hoje podem não ser os de amanhã

O cenário político ainda é volátil; fatores como recursos financeiros, federações partidárias e composições estaduais devem reconfigurar as disputas até as convenções

A política gaúcha, agitada pela mudança do governador Eduardo Leite do PSDB para o PSD, antecipou o clima eleitoral para 2026. O que se vê hoje são nomes se movimentando, articulando apoios e se declarando pré-candidatos a deputados estaduais e federais. No entanto, especialistas e agentes políticos alertam: o tabuleiro está longe de ser definido. Muitos dos que hoje aparecem como certos na disputa podem rever suas posições a partir de fevereiro de 2026, quando a legislação eleitoral permite o início oficial da campanha, e sobretudo após as convenções partidárias.

A movimentação de Leite funcionou como um gatilho, forçando partidos e aliados a realinharem suas estratégias com um ano de antecedência. No entanto, essa antecipação não significa estabilidade. Pelo contrário, cria um período de incerteza e avaliação onde três fatores principais devem moldar o cenário final.

O Fator Financeiro: A Corrida pelo Recursos

A eleição de 2026 será a primeira sob as novas regras do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, cuja distribuição ainda está em discussão no Congresso. Além disso, a capacidade de captação de recursos via financiamento privado será crucial.

Um pré-candidato pode ter todo o apoio do diretório municipal, mas se não tiver viabilidade financeira para manter uma campanha estadual, sua candidatura pode não ir adiante. Muitos nomes estão, neste momento, fazendo uma “avaliação de custo-benefício” para ver se a empreitada vale o investimento político e pessoal.

O Xadrez das Federações Partidárias

Uma das mudanças mais significativas no cenário é a consolidação das federações partidárias que permitem que até três partidos se unam para disputar eleições, compartilhando legenda, tempo de rádio e TV e fundo eleitoral.

Isso, na prática, reduz o número total de candidaturas. Se antes cada partido podia lançar um número de candidatos com base na bancada na Câmara, agora essa cota é da federação. Partidos menores dentro de uma federação terão que negociar suas vagas. Um pré-candidato de um partido com menos expressão pode ser pressionado a ceder lugar a um nome mais forte de outra sigla da aliança.

Conclusão: Um Jogo de Cadeiras Musicais

O que se vive no Rio Grande do Sul é um longo jogo de cadeiras musicais, onde a música só deve parar no primeiro semestre de 2026, próximo às convenções. Até lá, as declarações de pré-candidatura devem ser vistas mais como posicionamento estratégico e teste de força do que como uma definição concreta.

A volatilidade é a regra. O nome que hoje parece forte em seu município ou região pode ser preterido na negociação partidária estadual. Outro, que ainda nem é cogitado, pode surgir como a peça chave de uma federação. A única certeza é que o cenário atual é apenas um rascunho, que será amplamente reescrito pela lógica dura da política, do dinheiro e das alianças.

Por: Egídio Lazzarotto 

 

 

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