Embora amplamente difundida, a meta de 10 mil passos por dia pode não ser necessária. Os benefícios à saúde gerados pela caminhada podem ser alcançados antes desse patamar, conforme novo estudo publicado na revista científica The Lancet Public Health na semana passada.
Com equipe internacional liderada por pesquisadores australianos, a pesquisa analisou 57 estudos globais em uma revisão sistemática – o único brasileiro foi produzido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O artigo mostra que, em comparação com 2 mil passos, 7 mil passos foram associados a um risco 47% menor de mortalidade por todas as causas e:
- 25% menor de incidência de doenças cardiovasculares
- 47% menor de mortalidade por doenças cardiovasculares
- 6% menor de incidência de câncer
- 37% menor de mortalidade por câncer
- 14% menor de diabetes tipo 2
- 38% menor de demência
- 22% menor de sintomas depressivos
- 28% menor de quedas
A famosa meta de 10 mil passos teria surgido a partir de uma campanha publicitária para o lançamento de um pedômetro no Japão na década de 1960. O estudo mostrou que essa quantidade está associada a reduções máximas de 10% na incidência de câncere 48% na mortalidade por todas as causas. Com 12 mil passos por dia, a redução máxima variou de 12% na incidência de câncer a 55% na mortalidade por todas as causas.
Para todos os resultados, mesmo contagens de passos muito baixas foram associadas a uma redução de risco. As vulnerabilidades à saúde geralmente continuaram a diminuir a cada incremento de mil passos por dia na maioria dos desfechos.
— Fica muito evidente que quanto mais se caminha, mais se faz a atividade durante o dia, diminui o risco de mortalidade. Quanto mais passo, melhor saúde, com ganhos efetivos já a partir dos 7 mil passos por dia — avalia Márcio Dornelles, médico do esporte e presidente da Sociedade Gaúcha de Medicina do Exercício e do Esporte.
Contagens que excederam 7 mil passos foram associadas a menores riscos em aspectos como mortalidade por todas as causas e incidência de doenças cardiovasculares. A melhora, porém, foi pequena. Para mortalidade por doenças cardiovasculares, incidência de câncer, diabetes tipo 2 e quedas, contagens acima de 7 mil passos não mostraram diferenças significativas.
O estudo gaúcho analisado na pesquisa avaliou o impacto dos passos e de outros comportamentos na mortalidade por todas as causas. Os resultados também mostram que quanto mais as pessoas se movimentam, menor é a mortalidade.
Após determinado ponto, porém, os benefícios atingem um “platô” – ou seja, fazer mais atividade física já não reduz tanto os riscos. Por volta de 7 mil, é possível atingir o “benefício máximo” quando comparado a 4 mil passos ao dia, salienta Danilo de Paula, médico epidemiologista e pesquisador na UFRGS.
— No nosso estudo, comparado a pessoas que faziam aproximadamente 4 mil passos ao dia, vimos uma redução na mortalidade de até 50%, em um período de sete anos, que foi o tempo que seguimos essas pessoas, com 7 mil passos — afirma.
Por GZH
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