Mudar para melhor e melhorar para mudar. A necessária evolução que ocorre em todos os segmentos também chegou ao Aeroclube de Passo Fundo. Voando e ensinando a voar desde 20 de julho de 1940, agora a entidade passa por uma grande transformação. A sua Escola de Aviação Civil vive a transição para assumir a condição de CIAC – Centro de Instrução de Aviação Civil. A conotação de associação fica um pouco de lado e ganha um novo perfil, moldado para a formação de pilotos ou mesmo mecânicos e comissários. Para isso, é necessário atender às exigências e regulamentações da ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. A transição começou há um bom tempo, deu uma nova cara às instalações operacionais e está na reta final com pouso estimado para as próximas semanas.
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Ora, se já formava pilotos então continuaria praticamente a mesma coisa? Não. O perfil do aerofólio ainda é o mesmo, mas a silhueta da escola ficou bem diferente. “Os manuais teóricos e práticos (livros didáticos) antes eram da própria ANAC e agora são produzidos pelos próprios Centros”, explica o coordenador de instrução Wellington Tisian. Assim, cada estabelecimento edita seus manuais teóricos sobre Regulamentos, Conhecimentos Técnicos, Teoria de Voo e Navegação. Os práticos, que trazem Missões de Voo, também são elaborados pelos centros. Mas as exigências da ANAC são muitas. “A transformação começou quando trocamos o Cherokee 180 (monomotor com 4 lugares) por um Tupi, praticamente o mesmo modelo, mas com novos instrumentos”. Isso significa qualificação para a formação IFR (Instrument Flight Rules) para voos diurnos ou noturnos orientados por instrumentos.
Simulador de voo
A aquisição de um simulador de voo deu sustentação ao orgulho que envolve o hangar. O equipamento é um MF-Sim 172, que simula as operações de um Cessna 172, um clássico na formação de pilotos. “Tem RNAV, sistema de aproximações por satélite, permitindo pousos por instrumentos como ocorre no Aeroporto Lauro Kortz”, explica Wellington. O simulador pode diminuir custos e somar algumas horas de voo no curso de Piloto Comercial. A hora de simulador deve ficar na faixa de R$ 170. A simulação é exigência nas empresas de linhas aéreas, onde os comandantes passam por rotineiras checagens e rechecagens nesses equipamentos. São simuladores bem mais sofisticados e, no caso de um Boeing 737, a hora de voo simulada pode custar US$ 800.
Cerca e salas
Em matéria de exigências, a ANAC ataca dentro e fora do hangar. Internamente, o visual já deu um salto aos olhos e foram concebidas novas salas para espera, simulador, briefing e operações. Além de ar condicionado, carpetes e frigobar, a decoração é fidedigna ao romantismo aeronáutico. “Tudo feito pelos próprios alunos”. Poltronas temáticas foram desenvolvidas pelo pessoal e, já na recepção, dão a ideia de um novo tempo. E como aviação começa pela pista, a maior exigência era o cercamento da área operacional. “São 3.300 metros de cerca. Faltavam uns 1.800, mas em apenas uma semana, somente com a equipe de alunos e condôminos, ficou tudo pronto”, explica o Comandante Tisian. Isso, é claro, com recursos próprios, sem verbas públicas ou licitações.
Dinheiro voando
Dinheiro não cai do céu, mas bons voos podem ter excelentes resultados. Wellington lembra que o Aeroclube não tinha recursos para cumprir as exigências da ANAC. “Então surgiu a ideia de realizar eventos, como ‘Nos Ares’ e ‘Mate Ar’. O que arrecadamos com voos panorâmicos, percentual da área de alimentação, parcerias e a força dos condôminos (que têm hangares na área), conseguimos realizar as melhorias necessárias. Além disso, tivemos o trabalho da diretoria do presidente Miguel Dionissa e dos nossos alunos”. Para quem voa o céu não é o limite e foi de onde veio o dinheiro para as melhorias e a compra do simulador.
Cursos & custos
Amanhã, dia 22, inicia mais um curso de Piloto Privado, o conhecido PP. É o básico para ingressar no mundo da aviação. A parte teórica com duração de três meses e aulas na sede central, tem custo de R$ 3.099 incluindo material didático. Depois, o candidato fará 45 horas de voo. A hora de voo, dependendo do equipamento, oscila entre R$ 680 e 940. Já o curso de Piloto Comercial e INVA (Instrutor) exige PP completo, prova teórica e mais 110 horas de voo (parte em simulador). Já para IFR, são 50 horas de navegação, simulador e exame teórico. Wellington agora está habilitado pela ANAC como checador e examinador para vários cursos e as sistemáticas revalidações de carteiras.
Aviação executiva e oficina sem asfalto
Além do próprio aeroclube, o local abriga vários hangares destinados à aviação executiva e particulares. Um grande hangar é utilizado pela Support Fly, conhecida oficina de aviões que presta serviços para clientes de vários estados. Existem poucas oficinas dedicadas à aviação, o que destaca a importância da Support Fly, onde são consertados ou recuperados aviões de pequeno e médio porte. Porém, a falta de um acesso asfaltado dificulta a chegada de peças, pois algumas as transportadoras não atendem o local. O mesmo ocorre com serviços de carros de aplicativo, onde os motoristas preferem preservar seus veículos e não aceitam chamadas para o aeroclube.
Pista
São duas pistas principais no local: 15-33 com 1.080 x 35m e 17-35 com 940 x 18m. São condições excelentes para servir de alternativa à aviação executiva, especialmente quando o Lauro Kortz fecha por falta de visibilidade. O aeroclube fica 400ft mais baixo que o aeroporto e, portanto, com menos chances de fechamento. Porém, sem pista asfaltada, é evitado por pilotos que preferem preservar aeronaves e operar com a máxima segurança.
SERVIÇO
-Aeroclube de Passo Fundo-
Aeródromo de São Miguel
Distrito de Pulador
Sede central:
Edifício Planalto 6º andar
Telefone – (54) 3311-1564
Passo Fundo – RS
Por O Nacional