De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a prematuridade caracteriza-se como uma síndrome clínica complexa, a qual deve ser abordada com múltiplas intervenções para sua prevenção, podendo influenciar positivamente no prognóstico. É um processo que tem início muito antes da gestação, induzida por aspectos sociais, financeiros, qualidade de vida e condições de risco que, combinados com fatores biológicos, resultam no nascimento prematuro. A família é determinante no prognóstico de vida do recém-nascido prematuro e precisa de apoio e orientação.
O projeto “Prematuridade: o amor chegou mais cedo”, surgiu durante a disciplina de Fundamentos de Pneumologia e Cardiologia ministrada pela professora Ana Lucia de Carvalho Morsch e de uma parceria com o Rotary Kids de Erechim. Os acadêmicos elaboraram diferentes projetos de ação social e apresentaram às crianças integrantes do Rotary Kids que imediatamente acataram as ideias e se empenharam para que todas as etapas do projeto se concretizassem.
O projeto que está sendo coordenado pela professora Ana Lucia de Carvalho Morsch tem vários objetivos, entre eles, promover a saúde dos prematuros após a alta hospitalar; orientar as famílias sobre os cuidados com a saúde dos bebês prematuros; proporcionar acolhimento das mães/famílias; orientar, informar e alertar sobre os cuidados a respeito da criança prematura; prevenção do parto prematuro, entre outros.
De forma paralela, foi realizada uma campanha de ação social por meio da venda de rifas com o objetivo de arrecadar fundos para aquisição de fraldas e produtos para compor os kits de bem-estar materno infantil destinados às famílias dos prematuros que receberão alta durante o mês de novembro. A entrega dos kits ocorreu no dia 29 de outubro na direção da Fundação Hospitalar Santa Terezinha de Erechim, juntamente com as redes de balanço confeccionadas pelas costureiras da Casa da Amizade de Erechim, para serem utilizadas pelos recém-nascidos internados na UTI Neonatal.
O acesso a um kit de boas-vindas contendo materiais de uso materno infantil pode ser fundamental no momento da alta hospitalar, além de promover um amparo emocional na chegada ao lar. Depois da alta hospitalar, o período é marcado por estresse e incertezas. Dessa forma, devido às dificuldades na adaptação às necessidades do bebê prematuro em casa é de vital importância que os profissionais da saúde se disponibilizem partilhando informações necessárias para a adequação à nova realidade.
Atualmente, por ser uma das principais causas de mortes neonatais, a prematuridade é considerada prioridade de saúde pública no Brasil. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), anualmente e em todo o mundo 30 milhões de bebês nascem prematuros ou com baixo peso. Além disso, em 2017, 2,5 milhões de recém-nascidos morreram nos primeiros 28 dias de vida.
A prematuridade pode estar associada à diversos fatores, sendo os principais: idade materna menor que 20 anos ou maior que 40 anos; baixo nível socioeconômico; antecedente de parto pré-termo; gestação gemelar; sangramento vaginal no 2º trimestre de gestação; aumento da atividade uterina antes da 29ª semana de gestação; hábito de fumar; estado nutricional; consumo de álcool, entre outros.
Geralmente, a prematuridade está relacionada à períodos prolongados de internação, os quais mobilizam a família do prematuro para esse ambiente hospitalar. Ao se aproximar do momento da alta, sentimentos como insegurança, aflição e preocupação se tornam presentes no cotidiano da família, pois a alta hospitalar é um momento importante no qual os pais estabelecem uma nova relação com o prematuro.
O período de adaptação entre a família e a criança no domicílio é extremamente importante para o desenvolvimento adequado do bebê, uma vez que o sentimento de instabilidade provoca dificuldade diante das condições de saúde do filho e isso gera grandes preocupações. A maioria das complicações está ligada às disfunções dos sistemas de órgãos imaturos. Em alguns casos, as complicações se resolvem completamente, em outros, há disfunção residual dos órgãos.
A adaptação à nova realidade da família com o recém-nascido em domicílio afeta diretamente nos cuidados prestados ao neonato, uma vez que a maneira em que a prematuridade é abordada entre os familiares implica diretamente em seu desenvolvimento. A preocupação em cuidar das fragilidades do bebê, torna o estresse e o sentimento de desamparo frequentes no lar, tornando o ambiente um fator importante no aumento do atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.
Uma das principais abordagens do fisioterapeuta que por meio da estimulação precoce, objetiva o desenvolvimento sensório-motor, cognitivo, afetivo do bebê prematuro e também a integração família-bebê. Tal prática pode ser extremamente benéfica para o crescimento e desenvolvimento harmônico, e leva em consideração todos os déficits devido à imaturidade dos órgãos e todas as complicações advindas da UTI neonatal. Pensando nisso, as acadêmicas Marina Czapla, Maira Ribeiro, Marjana Stasczak e Milena Lima elaboraram um material informativo sobre os principais cuidados e estímulos que a família pode oferecer no domicílio para contribuir com um crescimento adequado e os mesmos ficarão à disposição nas UBS da cidade de Erechim, Severiano de Almeida e Maximiliano.
A prevenção do parto prematuro representa um dos maiores desafios da obstetrícia moderna, porém pode ser detectado precocemente pela medida do colo uterino por ultrassom transvaginal solicitado pelo médico durante o segundo trimestre de gestação, como meio de avaliação de risco e possível proposta de intervenção. A ultrassonografia transvaginal, para medida do colo uterino está disponível no pré-natal do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido um material informativo sobre a prevenção do parto prematuro foi desenvolvido pelos formandos do curso de fisioterapia para ser distribuídos nas UBS da cidade.
O projeto que teve início no mês de agosto, foi realizado em várias etapas e contou com diversos apoiadores da cidade e região que aceitaram contribuir com essa causa tão nobre. Os mais profundos agradecimentos aos apoiadores: Rotary Club, Baggio, Sul vidros, Grupo Referência, Mundo Wine, Farmácia Erechim, Invernada dos Macacos, Infraex Pré-Fabricados, Requinte Enxovais, Barão Erva Mate, Farmácias São João, Teti Lanches, BR CAR serviços automotivos, Lav Clin, Cacau show, Peixaria Sabor do Peixe, Maria do Varal, Centerpel, Ieda kalinovisk – bolos artesanais, Provin Joias, Variani Mat de construção e decoração, Agropecuária agrosul, Agroveterinária Rebanho, Lazzarin móveis, LZ veículos, Farmácia Millenium, Clínica Harmonia – Pilates e Fisioterapia, Clínica Sculptor, Heimir embalagens, Graffoluz e Clínica de Ultrassonografia Eco-Diagnose.
A presidente do Rotary Kids de Erechim, Isadora Marmentini, estudante do sexto ano do Ensino Fundamental da Escola de Educação Básica da URI, disse estar feliz com a campanha. “Além de beneficiar as famílias e as crianças que têm alta hospitalar, acredito que estamos desenvolvendo um papel de cidadania e contribuindo com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”,frisou.
O Rotary Kids tem, ainda, como padrinhos a professora Ana Lucia Carvalho Morsch e seu marido Jorge Alves Morsch.