Quando a chuva termina e o nível das águas baixa, aparece um outro efeito da tragédia no Rio Grande do Sul: é preciso retirar toneladas e toneladas de detritos. O que se vê são restos de móveis, utensílios ou mesmo casas inteiras. Vai tudo embora, levando junto lembranças preciosas,
O Fantástico deste domingo (2) mostra o desafio de administrar essa quantidade monumental de resíduos. Muitas áreas do Rio Grande do Sul permanecem alagadas. Onde já secou, as casas agora convivem com montanhas daquilo que não dá mais para aproveitar.
“É a nossa casa, né? O que restou da nossa casa. Isso é herança do nosso pai. Ele deixou para mim e para o meu irmão”, diz Jesoaldo Machado Soares.
O irmão Jeverson diz que a casa foi dividida entre os dois e as duas famílias moravam lá.
“A gente seguiu aqui, com água que passou de um metro. Tinha uma escada aqui. Eu subi com a esposa, dois filhos e dois cachorros. Um com 50 quilos e o outro no colo. Levei dois colchões, pão e água. Ficamos 7 horas ali em cima. É horrível”, recorda Jesoaldo.
Ele diz que os pertences dos pais foram perdidos e não deu para salvar nada. “A gente fica como se não houvesse passado. Parece que a gente está vivendo daqui para frente só”, lamenta.
Emerson, filho do Jesoaldo, também foi resgatado no dia da cheia. Quando voltou para a casa, ele se preocupou em recolher as fotos da família
“Seria importante resgatar essas memórias para a gente não perder tudo né? Então, eu vi que eu poderia fazer isso porque eu tenho mais paciência com esse tipo de coisa”, diz.
O pai, Jesoaldo, se emocionou com o risco de perder esses registros. Aos poucos, o filho vai garantindo que o futuro preserve também as boas lembranças.
Fotos e recordações foram danificadas na cheia que atingiu o Rio Grande do Sul. — Foto: TV Globo/Reprodução