Espirros, tosse, olhos lacrimejando, dor de barriga, coceira ou vermelhidão na pele são alguns dos sintomas que quem sofre com algum tipo de alergia já conhece. Sejam alimentares, respiratórios, de medicamentos ou pele, esse transtorno afeta, segundo a Organização Mundial da Alergia, uma a cada duas pessoas no mundo. Devido a essa realidade, a OMS criou o Dia Mundial da Alergia, que é lembrado nesta segunda-feira, 8 de julho.
A médica alergista, imunologista e integrante do Corpo Clínico do Hospital São Vicente de Paulo, Dra. Melissa Thiesen Tumelero, explica que a alergia é o transtorno mais comum da imunidade, onde ocorre uma resposta imune exagerada a estímulos que normalmente não causariam reações. “As manifestações podem se apresentar em diversos órgãos e sistemas do corpo, como alergias respiratórias, na pele, no trato gastrointestinal e reações sistêmicas, que variam a gravidade e podem ser desencadeadas por medicamentos, ferroadas de insetos, alimentos e outros fatores”, explica.
Os sintomas, conforme a médica, variam de acordo com o órgão envolvido. “Na pele, por exemplo, pode aparecer vermelhidão, coceira, urticas, eczema. No sistema gastrointestinal, vômito, diarréia, sangramento nas fezes, náusea, dores abdominais. Já no trato respiratório são comuns sintomas como coriza, espirros, coceira nos olhos e nariz, tosse e falta de ar”, detalha.
Um olhar atento às alergias alimentares
Todos os anos, a Organização Mundial da Alergia promove uma semana dedicada a debater o assunto. Em 2024, entre os dias 23 a 29 de junho, a sociedade foi convidada a refletir sobre o tema “Superando os obstáculos da alergia alimentar”. Isso porque os dados divulgados pela OMS são preocupantes: cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com alergia a determinados tipos de alimentos.
Para Dra. Melissa, essa é uma pauta importante a ser discutida, pois as alergias alimentares geram um grande impacto na vida das pessoas. “Existem limitações dietéticas e sociais, por uma vigilância constante. Impacto psicológico, por medo de exposições acidentais. Afeta a qualidade de vida, restringe viagens, festinhas de aniversário, idas a restaurantes. Além disso, em crianças principalmente, é necessário um cuidado essencial relativo aos riscos nutricionais, que podem impactar no crescimento e no desenvolvimento cognitivo”, afirma.
Segundo a médica, as intolerâncias são mais frequentes do que as alergias: 15% a 20% são intolerâncias, enquanto 8% a 10% são alergias alimentares. A diferença entre ambas está na reação do organismo. “As intolerâncias alimentares estão ligadas ao processamento do alimento e as manifestações são apenas gastrointestinais, sem risco de vida. Já as alergias envolvem o sistema imune, seja através da formação de anticorpos IgE específicos para o alimento ou outros mecanismos envolvendo outras células. Nesses quadros, as reações, além de manifestações como diarréia e vômito, podem aparecer em qualquer órgão, como uma anafilaxia, com risco de vida”, detalha.
Tratamentos existentes
No que diz respeito aos tratamentos existentes, geralmente as alergias alimentares IgE mediadas, que surgem na infância, como alergia a leite, ovos e trigo, melhoram sozinhas com a idade. “As que não melhoram sozinhas e nos quadros mais graves, existe o tratamento específico que é a dessensibilização oral com alimento, objetivando induzir uma tolerância ao alimento e evitar que ingestões inadvertidas levem a risco de morte”, detalha Dra. Melissa. Por outro lado, para alergias que surgem na idade adulta, como camarão, amendoim e castanhas, ainda não existe o tratamento de dessensibilização oral, apenas exclusão. “Para algumas alergias não-IgE mediadas, o tratamento também é a exclusão, mas para algumas existem tratamentos e medicamentos”, complementa.
Por fim, a especialista reforça a importância de consultar um especialista para identificar o problema. “É fundamental consultar com o médico alergista para uma melhor orientação, condução a longo prazo e evitar dietas e restrições desnecessárias, que ainda podem gerar riscos ao paciente”, finaliza Dra. Melissa.
O Hospital São Vicente de Paulo dispõe de exames laboratoriais para a realização do diagnóstico de algumas dessas alergias alimentares.
Por: Liliane Ferenci – Comunicação HSVP