Entra ano e sai ano e a população brasileira vem vivendo os respingos de um país que vem sofrendo, há décadas, com as consequências de governos que traçam metas, impõe desafios para a população, especialmente a mais pobre, mas que não conseguem dar a esta uma vida com qualidade e, principalmente, dignidade, especialmente nas áreas de saúde e segurança pública.
Um país que vem sangrando ano após ano com os casos de corrupção que se tornou uma ferida incurável, como dos genocídios que tem como consequência direta com o tráfico, a violência urbana e o trânsito, sem pontuar a falta de atenção com a saúde do cidadão que morre nos corredores de hospitais, como de outros casos típicos do Brasil, já que por aqui perdemos até mesmo para o mosquito da Dengue. Ou seja, nos superamos a todo o momento.
Somos um país que saiu atrasadíssimo do regime escravocrata, que deixou marcas inesquecíveis no trato da mão de obra que vinha da África em navios negreiros e morria em alto mar ou logo após pelo excesso de trabalho e chibatadas. Escravos como os que trabalhavam na confecção de charque na Zona Sul do Estado que não tinham mais do que dez anos de produtividade até chegarem à exaustão e a morte certa.
Somos um país em que a política se manteve e ainda se mantém, em alguns estados, como no sistema colonialista Café com Leite, onde famílias tradicionais ainda comandam, ditam as suas ordens e trabalham a vida inteira em interesses próprios. Além disso, abrem caminhos para filhos, genros, netos e bisnetos. Um império onde a ética e a visão do bem comum está em segundo plano. O que deve permanecer é o poder centralizado.
Somos um país onde as estradas ainda se mantêm inalteradas ao longo dos anos, um país em que na época do regime militar simplesmente se rasgou florestas para construir a via que ligaria todo o país, mas consequentemente acabou com a vida de índios de diversas tribos que estavam em seu caminho. Em nome do progresso se alterou uma região do Brasil, se gastou milhões, se perdeu vidas e não se chegou a lugar nenhum.
Entre sonhos e realidade, Erechim e região do Alto Uruguai se depara com a Transbrasiliana que, asfaltada no mapa, tem uma realidade muito diferente. Uma luta de anos da classe política local e regional que ainda não saiu do papel e, pelo visto, será ainda uma triste realidade nos próximos anos, não querendo dizer décadas.
Triste realidade vivida diariamente em estradas que foram construídas há vários anos onde o número de automóveis e caminhões eram bem menores. Hoje são milhões que rodam diariamente pelas estradas construídas nas décadas de 40, 50, 60 e 70, que se mantém com o mesmo traçado e acabam matando mais do que qualquer guerra, alijando, destruindo famílias e deixando milhares de órfãos.
Também é triste a realidade quando vemos uma população como a do Rio de Janeiro, refém do tráfico de drogas, visto a organização dos traficantes e de seu poderio de guerra e econômico, onde a população, para não morrer, tem que deitar no chão por horas enquanto bandidos e polícia trocam tiros com armas de grosso calibre e extrema precisão. Como um país pode ter uma visão de futuro quando a população morre por bala perdida, sem contabilizar aqui, outros tantos problemas vivenciados dia após dia. Assassinatos de cidadãos, policiais, homens, mulheres e crianças são hoje dados estatísticos,
Mas tem como mudar isto tudo? Tem, mas não num estalar de dedos ou num passe de mágica, não se muda mais de 500 anos em pouco tempo. Não há milagre, mas existem atos e atitudes como a educação como primeiro plano para, gradativamente, a exemplo de países asiáticos, mudar a concepção de vida, mostrar que não nascemos apenas para futebol, carnaval e termos um espírito tipicamente litorâneo.
Somente na educação, desde as séries iniciais é que passaremos a construir uma nova Nação, se é que o Brasil chegou ao conceito de Nação, acho que ainda não, pois temos ainda muito o que percorrer para que todo o brasileiro tenha o orgulho de dizer, este é o meu país e quero participar de sua mudança.
Esta mudança, buscando ver uma realidade bem diferente daquela que ouvimos, lemos ou vemos quase que diariamente, começa a se tornar realidade a partir das eleições deste ano, quando o voto de cada um fará a grande diferença, ou não.
Cabe, desde agora, surgirem campanhas e movimentos que se voltem a reeducação da população, da importância do voto nas decisões futuras de suas vidas, ou seja, o quanto é importante validar o voto com consciência, sem barganhas, sem troca de favores ou outros tantos meios que surgem no vocabulário para a busca de votos.
Devemos buscar nomes que realmente estejam comprometidos com a coisa pública e que tenham um passado limpo e voltado as necessidades da população. Não basta querer um Brasil do futuro se votamos em políticos de carreira, que estão há anos na vida pública e nada acrescentaram para o país, estado, cidade ou região, a não ser tirar fotografias, proferir discursos evasivos ou tirar diárias sem resultados práticos, concretos e reais à comunidade.
Devemos avalizar nomes que, embora novos na vida pública ou na privada, tenham toda a capacidade de mostrar que vale a pena votar, que vale a pena acreditar que alguém pode fazer a diferença para nossas vidas, que pode ter a certeza de que não são candidatos que mostram a sua cara de quatro em quatro anos. De candidatos que não usarão apenas as Emendas Parlamentares para regerem a sua orquestra política.
Desta forma, 2018 pode sim fazer a diferença para cada um de nós, pode ser o início de uma mudança para termos mais educação, mais segurança, saúde, infraestrutura e uma vida um pouco parecida com a que vemos lá fora em países em que a corrupção não existe, onde há realmente Ordem e Progresso, onde há moradia digna, educação com qualidade, saúde para todos, população segura e tantos outros sonhos que temos mas que nunca se tornam realidade.
A mudança do Brasil tem uma longa caminhada, exige muito trabalho e dedicação dos futuros governantes, exige uma mudança da própria população no que diz respeito ao seu próprio futuro, o que ela realmente quer para seus filhos e netos. Somos uma terra rica em tudo, temos potencialidade para nos reerguermos em todas as áreas, mas para isto temos que mudar radicalmente, e o primeiro passo está no voto e, para tanto, cada um se torna parte desta diferença.
Por Carlos Alberto da Silveira