Acabou o mistério: Jackson Arpini não concorre em 2018

Erechim ‘perde’ um de seus pré-candidatos a deputado no pleito do ano que vem. Saiba o motivo em entrevista exclusiva nas páginas 8 e 9 desta edição do BV

Jackson Arpini:

‘Não serei o dissabor de uma legenda e sim o apoiador de uma construção coletiva e plural’

Dentista revela que está fora das eleições de 2018. Entre os motivos, sustenta que irá respeitar os espaços internos do PP (partido pelo qual Arpini estava cotado a se filiar para concorrer), além da necessária perspectiva de construção de um entendimento regional. Ele também deve entregar o cargo de secretário adjunto no retorno das férias, nos próximos dias.

Está desfeito o mistério. Jackson Arpini não concorrerá a deputado em 2018. Dentista de formação e profundo conhecer das necessidades e carências da saúde local, o atual secretário adjunto de Saúde de Erechim, em entrevista exclusiva, indica que sua retirada do cenário eleitoral que se avizinha visa evitar uma eventual disputa interna no PP, partido pelo qual Arpini (que ainda não tem filiação partidária) era um dos nomes cotados para se filiar e encarar o pleito.

Pregando a necessidade de união e entendimento regional – para que o Alto Uruguai volte a ter representatividade em nível estadual e federal – Arpini pontua, ainda, que deixará para outro momento, até mesmo, sua filiação partidária. Sobre o futuro político, desconversa. Uma coisa, porém, é certa: a carência de novas lideranças colocará Jackson Arpini novamente entre os nomes possíveis/desejados, por partidos e lideranças, para as eleições de 2020. Veremos que caminho irá tomar. Que seja o melhor, para ele e Erechim.

Nos bastidores, muito se especula que o Sr. poderia concorrer à  Assembleia Legislativa, em 2018. Já tomou sua decisão?

Jackson Arpni – Realmente o meu nome foi ventilado como um possível postulante a essa indicação, como tantos outros. Junto a um grupo de pessoas, estive observando o cenário com muita atenção. Conversei com diversas lideranças locais e regionais de vários segmentos como saúde (minha área de atuação), empresários, agronegócio, políticas, imprensa, segurança, prestação de serviços, entre outras, no sentido de viabilizar uma candidatura local, para atender os anseios que gravitam na região.

E qual foi a conclusão a que o Sr. chegou depois destas conversas?

Arpini – Percebemos, nesse período, que há um sentimento ecoando de uma candidatura própria, com DNA de Erechim (por ser o maior colégio eleitoral da região), em plena sintonia com a região do Alto Uruguai e, se possível, através da conversação, além fronteira. Uma simbiose Erechim + região; região + Erechim, para potencializar e viabilizar (tornar factível) a pretensão. Para eleger um representante precisamos de entendimento regional nessa direção, ou seja, congregar esforços. Esse sentimento aflorado passa por ter representação própria a nível estadual e federal. Movimentos existem nessa direção e pode ser percebido nas inúmeras conversas aqui, ali e acolá (pelo menos nas conversas). Também constatamos, e muito já foi dito a esse respeito, que a região tem uma caraterística peculiar de votar em candidatos de fora, haja vista os números dos últimos pleitos. Com relação a essa particularidade vários fatores são condicionantes e carecem de um estudo em particular. Especificamente com relação há possibilidade da minha candidatura, entendo que ela deixa de existir quando existem pessoas com mais bagagem, conhecimento e histórico político, além de préstimos ao partido com esse legítimo intento.

Ou seja, o Sr. não concorre em 2018?

Arpini – Não. Até por que não posso deixar de respeitar os filiados do Partido Progressista (PP) e os espaços conquistados e almejados pelos postulantes que ao longo de anos laboraram – muitas vezes no sacrifício – pela legenda. Isso é legítimo e merece toda a distinção, como também, o nosso reconhecimento e recolhimento.

Isso também retardará seu ingresso no PP?

Arpini – Sim. Devo continuar a caminhada como cidadão comum. Creio que posso, ainda, contribuir nessa direção, em especial, na saúde, fruto da minha formação. Sigo, porém, tendo relação de amizade com vários integrantes locais e regionais da legenda. Igualmente meus afazeres me aproximaram de prefeitos da região e de deputados federais como Hamm e Heinze.  Se me permite gostaria de agradecer a dois expoentes do Progressistas que fizerem reiterados convites para ingresso na legenda. Presidente Bolis e Beto Bordin, ambos inclusos no rol de amigos, no sentido literal da palavra (pra se guardar no lado esquerdo do peito).

Quais as lições desse período de escuta?

Arpini – As lições são as melhores possíveis. Tenho dito reiteradas vezes, que a caminhada, do raiar ao por do sol, é um permanente aprendizado. Aprendemos todos os dias. Isso é válido como pessoa, pai de família, profissional e, especialmente, como cidadão. Sou privilegiado, tendo, ao longo dos anos, me deparado com várias oportunidades que, humildemente, agregaram valor ao meu currículo (pessoal e profissional).  Tive o privilégio, na gestão pública, de trabalhar com três prefeitos (Zanella, Polis e Schmidt); de conviver de forma mais próxima com a AMAU, participando de inúmeras reuniões; de viajar com os presidentes da Associação: Montepó, De Vale, Cantele, Lírio, Poletto e, agora, com o amigo de longa data, Beto Bordin. Todas as vezes bradando por pleitos de relevância regional.  Igualmente tive a oportunidade de participar de reuniões importantes em Porto Alegre e Brasília, com o colegiado de prefeitos, com pautas referentes a Transbrasiliana, Banco de Sangue, Curso de Medicina, recurso para a FHSTE, ligações asfálticas para a região, entre outras. O Alto Uruguai tem dado demonstrações de unidade em demandas significativas. Recentemente estivemos numa audiência com o secretário dos Transportes, Pedro Westphalen, sobre ligações asfálticas. Não levamos proposições unitárias (município a, b ou c), mas sim, uma voz uníssona da região. Isso é relevante. O momento, um tanto delicado, e o cenário político atual fragilizado indicam que a hora é de manter essa unidade em busca de representação política, para tanto, precisamos nos despir de interesses pessoais e valorizar os de caráter coletivo. As escolhas passam pelas nossas consciências e, também, pelas nossas mãos (votos).

O que levou a tal decisão?

Arpini – Não serei o dissabor de uma legenda e sim o apoiador de uma construção coletiva e plural que valorize os anseios e expectativas da sociedade e, principalmente, dos eleitores.  Precisamos mudar nossas práticas. O cenário atual impõe isso.

O senhor apoiará o candidato Progressista?

Arpini – Sim. Se for fruto desse entendimento regional, com certeza. Precisamos abusar da adição e minimizar ou eliminar a subtração. Só assim seremos exitosos. Um das situações que me angustia (tema já discorrido por jornalistas) é que o processo eleitoral na nossa região não finda com o término do pleito e, sim, perdura por anos, o que, na minha concepção, não é salutar para a sociedade.  Vejo a AMAU como um importante fórum político dando exemplos frequentes de superação dessas diferenças. Merece aplauso e reconhecimento.

Seguidamente o seu nome entre na pauta política. Por quê? 

Arpini – É bom que se diga, o meu e de tantos outros. Creio que seja pela sensação latente de mudanças. Há um grande descontentamento da sociedade com os rumos da política e de alguns políticos (talvez maioria), por esta razão, nomes novos são sondados e especulados. Faz parte da política. Nada mais do que isso.

Quais os projetos para o futuro? Tem pretensões políticas em pauta? 2020 está logo ali…

Arpini – Carrego comigo sonhos: de ver, para breve, a publicação oficial do Curso de Medicina, por parte do MEC. Trabalhamos nesse sentido, indicados pelo prefeito Polis e, agora, referendado pelo prefeito Schmidt, porque acreditamos na relevância dessa conquista a nível regional, estadual e nacional. O trabalho iniciou em 2013 e fomos selecionados com outros 38 municípios. Creio que ganhamos todos com essa conquista. Será um marco para a região. Erechim, região, URI e a própria Rede de Atenção à Saúde (RAS), de modo singular, a FHSTE que poderá pleitear a condição de hospital escola. De ver também a publicação da concessão de filantropia ao Banco de Sangue (deve sair em curto espaço de tempo). E quero concluir a edição do meu livro de crônicas, para cumprir a missão de plantar uma árvore, escrever um livro e criar uma filha (rsrsrsr). A respeito do futuro, confesso que, pelas limitações óticas, não consigo visualizar 2020. Tudo é muito recente e 2020 é, ainda, muito distante.

Qual o seu entendimento com relação a região?

Arpini – Em política é muito difícil existir unanimidade, até porque é formada por uma série de bandeiras, com suas ideologias e interesses. A região, por sua vez, se olharmos de forma coletiva é única, congrega aproximadamente 180 mil eleitores, ou seja, tem potencial matemático para eleger seus próprios representantes (estadual e federal). E o fez com a eleição dos atuais deputados estaduais Sossela, Capoani e Torteli, com raízes mais próximas com o Alto Uruguai.  As decisões devem passar por um processo de conscientização: primeiro das agremiações políticas nas discussões internas, para num segundo momento apresentar os nomes potencialmente viáveis para apreciação e crivo do eleitor, no sentido de não apenas marcar território, mas sim, conquistar assento nas casas estadual e federal. Essa passa a ser a grande conquista coletiva.

O Sr. é funcionário de carreira do município e atua como  secretário adjunto da saúde de Erechim. Segue na função?

Recentemente assumi a condição temporária de secretário adjunto por solicitação do Dr. Dércio, oportunidade em que agradeço a confiança. Devo entrar em férias nos próximos dias e no retorno volto a minha condição de assessor técnico, se assim entender o Sr. Prefeito que estou habilitado para tal função de colaboração.

Entendi. Pretende deixar o cargo de adjunto, então?

Arpini – Não posso mudar minhas crenças. Já declinei em governos anteriores de função dessa natureza por entender que os cargos do primeiro escalão (secretários) são ocupados por agentes políticos indicados pelas agremiações partidárias e por pessoas com extrema relação de proximidade ao Governo.

Sua decisão pode ser revista?

Arpini – Não, não há motivos para revisão.

Por Salus Loch

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