Na manhã desta quinta-feira (18), a Rádio Cultura e o Jornal Boa Vista deram sequência à série de debates sobre a conclusão da ERS 477, que conecta Centenário a Carlos Gomes, um trecho de cerca de 10,5 km. O tema do debate de hoje foi a importância dessa rodovia para a educação, com a participação de representantes da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).
Luís Fernando Santos Corrêa da Silva, Diretor da UFFS
Luís Fernando Santos Corrêa da Silva, diretor da UFFS, iniciou destacando que “nós temos e tivemos ao longo dos anos diversos acadêmicos que vêm desses municípios. E os relatos que nós sempre ouvimos são de que a principal dificuldade justamente é o deslocamento, horas de transporte por meio de um ônibus ou mesmo por meio de veículos pessoais, que é um transporte muito difícil justamente por causa das condições da rodovia”. Ele enfatizou que a UFFS, por ser pública e inserida no contexto do SISU, recebe estudantes de diversas regiões do estado e do país. “Para nós, infraestrutura é fundamental. Porque veja, os municípios mais próximos, os estudantes, eles vêm no início da manhã ou no início da noite, lembrando que nós temos cursos diurnos que iniciam de manhã e cursos noturnos que iniciam no final da tarde para o início da noite. Nós precisamos ter condições adequadas para deslocamento e condições adequadas envolvem, claro, rodovia de qualidade que diminua tempo de deslocamento, mas que ofereça também segurança”, frisou Luís Fernando.
Ele também mencionou a relevância do debate para a UFFS: “Nos interessa do ponto de vista da graduação, mas também da pós-graduação. Nós, no momento, estamos oferecendo cinco especializações e temos já quatro cursos de mestrado e um curso de doutorado. E nós, até setembro, deveremos receber do MEC e da CAPES resposta com relação a outros dois cursos de doutorado que nós submetemos e a um novo curso de mestrado. Isso aumenta o nosso potencial de oferta de cursos de pós-graduação e ter infraestrutura na região condizente para o deslocamento das pessoas é muito importante”.
Adilson Luís Stankiewicz, Diretor Acadêmico da URI Erechim
Adilson Luís Stankiewicz, diretor acadêmico da URI Erechim, começou sua fala destacando a importância da malha asfáltica para a região e a conexão da URI com essa questão. “Nós somos uma universidade comunitária e estamos presentes nas nossas comunidades, não somente em Erechim, mas em toda a região Alto Uruguai, Nordeste e região do Planalto. E diria mais, não somente a 477, que é uma ligação extremamente importante aqui na nossa região, mas nós temos outras que ao longo dos anos não foram contempladas nos projetos governamentais”.
Ele também lembrou de outras rodovias que precisam de asfaltamento: “A própria Transbrasiliana, que é um acesso importante, reduziria muito o fluxo que a gente tem hoje, o acesso a Quatro Irmãos é inaceitável, acesso a Entre Rios, que há anos foi feita apenas aquela base de asfalto. Ou seja, Cruzaltense, Campinas do Sul e outros que precisam de atenção. E a gente vê também alguns que avançaram, por exemplo, o Barra do Rio Azul, graças também ao dinamismo do prefeito Marcelo, que foi atrás, e de Aratiba até Itá”.
Stankiewicz destacou as consequências da falta de estrutura nas estradas: “A ERS 477 é muito importante do ponto de vista econômico e educacional. Ao invés de vir para Erechim, as pessoas começaram a ir para Chapecó e ganharam seus vínculos com Chapecó, isso você não recupera mais”.
Sidnei Dal’Agnol, Diretor do IFRS Erechim
Sidnei Dal’Agnol, diretor do campus Erechim do IFRS, enfatizou a importância do acesso para a economia, educação e saúde em Erechim. “Os municípios também ganham muito e são extremamente interessados que essas ligações ocorram. Nós, como Instituto Federal, a instituição foi criada, assim como a Universidade Federal, é um processo de expansão para disponibilizar acesso à comunidade, à sociedade, às pessoas terem acesso a uma política pública tão importante para o desenvolvimento dessas regiões. Então, certamente, essas comunidades clamam por essa ligação asfáltica, o quanto antes, e que seja uma ligação asfáltica de qualidade”.
Ele comentou que algumas ligações asfálticas podem até pôr em risco as pessoas mais do que as estradas de chão batido. Mencionou ainda que o IFRS oferece 13 cursos, incluindo ensino médio integrado e cursos superiores, e está aguardando a aprovação de um mestrado. “Para esses municípios agregamos muito, os jovens podem fazer o seu ensino médio de forma integrada ou concomitante, se formar já com uma profissão, podendo ingressar no mercado de trabalho ou mesmo voltar para as suas propriedades rurais, para as suas empresas e ajudar nesse desenvolvimento”.
Dal’Agnol concluiu sua fala destacando a importância das infraestruturas: “Para o ensino público gratuito e de qualidade, os acessos são de extrema importância. Em diálogos com professores e coordenadores de curso, com os próprios jovens, os relatos são bem frequentes quanto à vontade de desistir dos estudos em função das dificuldades de deslocamento. Risco de acidente, custos nos seus veículos, entre tantas outras dificuldades. Como instituição pública, estamos ansiosos para que essas ligações ocorram”.