O governo do Rio Grande do Sul anunciou, nesta sexta-feira, novas mudanças nos critérios que definem a classificação das bandeiras no modelo de Distanciamento Controlado. As alterações, que passam a valer já nesta semana, serão em dois pontos: na contagem de pacientes em UTIs e no ponto de corte em sete indicadores.
A partir de agora, o critério de residência irá prevalecer em casos em que o local de hospitalização de um paciente em UTI e sua residência não são em uma mesma macrorregião. Com a mudança, a expectativa é corrigir distorções do modelo, não contabilizando os pacientes por uma região que não residem.
“Esta é a quarta revisão em que estamos alterando duas questões específicas. A mudança na contagem de pacientes em leitos de UTI de macrorregião, para prevalecer o critério de residência, que vinha sendo demandado por estar sendo contabilizado em outra região diferente daquela em que o paciente contraiu o vírus”, destacou a coordenadora do Comitê de Dados, Leany Lemos.
A outra alteração é no ponto de corte das avaliações que influenciam na classificação das bandeiras. As mudanças são em três indicadores que medem a velocidade de avanço da doença, dois que monitoram a incidência (hospitalizações e óbitos) e mais dois de capacidade instalada (leitos livres/leitos Covid). “Era necessário ajustar para as fases mais avançadas da pandemia, como a que estamos vivendo agora”, destacou Leany Lemos.
Uma das alterações, por exemplo, foi na velocidade de avanço considerando os novos casos. Desde as primeiras semanas do Distanciamento Controlado, um aumento de 50% no número de infecções já levaria uma região para bandeira preta, porque o cálculo era sobre baixos índices, por exemplo, de 20 para 30 casos.
Agora, será considerado o incremento de 25% para que isso ocorra. “Estamos dificultando um pouco, trazendo mais calor, mais risco, justamente porque a pandemia está mais avançada”, justificou Leany Lemos.
Taxa de transmissão estimada no RS é de 1,3
Segundo dados do modelo de Distanciamento Controlado, a taxa de transmissão da Covid-19 no Rio Grande do Sul está hoje em 1,3, ou seja, cada dez infectados trasmitem para 13 pessoas. De acordo com o Comitê, se o Estado mantiver esta estimativa, o sistema hospitalar estará pronto para um eventual pico da pandemia no mês de agosto.
“Se ela está em 1,3, como a gente estima que ela esteja hoje com base nas hospitalizações, o nosso sistema de saúde, devido à ampliação da capacidade de atendimento deve ser capaz de atender a demanda esperada e ai poderemos ter o pico no mês de agosto dentro do que conseguimos suportar”, afirmou o pesquisador Pedro Zuanazzi, do Departamento de Economia e Estatística (DEE).
Zuanazzi, no entanto, ressaltou que esta taxa tem “enorme sensibilidade”, mas já esteve maior no Rio Grande do Sul. Segundo ele, por isso é preciso que a população acolha as determinações do modelo para que as estabilizações observadas se mantenham: “Se ela subir pra 1,7 como já esteve um tempo atrás, podemos ter dificuldades maiores e as restrições maiores do modelo podem voltar”.
Fonte: Correio do Povo