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Tecnologia desenvolvida pela URI e UFSM permite aproveitar sais residuais da glicerina

A referida Tecnologia é derivada das dissertações de mestrado dos acadêmicos Marshall Paliga e Carolina Elisa Demaman Oro, sob orientação dos professores Rogério Marcos Dallago e Marcelo Luis Mignoni e com a colaboração do Professor da UFSM e ex-professor da URI, Marcus Vinicius Três. À URI coube as etapas de desenvolvimento e avaliação das metodologias necessárias para a purificação do sal residual oriundo da etapa de destilação da glicerina. Além disso, a URI, por estar próxima e ter acesso à fonte deste resíduo foi a colaboradora que mais contribuiu em termos de conhecimentos pré-existentes. Foi a etapa mais trabalhosa, estando envolvidos 4 pesquisadores (dois Professores e 2 acadêmicos de Pós-graduação). O professor Marcus, da USFM, foi o responsável pela realização de análises necessárias para a validação das metodologias propostas.

A nova tecnologia desenvolvida por essa parceria permite o aproveitamento da glicerina, um subproduto gerado na produção de biodiesel. O método criado por eles é uma alternativa para o uso comercial dos sais residuais gerados durante o processo de destilação da glicerina. Segundo os pesquisadores, as usinas poderão faturar R$ 15 milhões por ano com a venda do sal purificado, e uma economia de aproximadamente R$ 2,25 milhões de reais com a conta do aterro desse material que não será mais descartado, colaborando para a preservação do meio ambiente. Por isso, a Coordenadoria de de Transferência de Tecnologia da Agittec e pesquisadores buscam parcerias que permitam levar a tecnologia até as usinas.

Segundo a edição mais recente do Anuário Estatístico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de 2018, as usinas de biodiesel fabricaram um total de 440,6 milhões de litros de glicerina como resultado de suas atividades. Para cada 10 litros de biocombustível é gerado cerca de um litro de glicerina.

Em entrevista para o portal da revista Biodieselbr, mídia especializada no assunto, o professor do curso de Engenharia Agrícola da UFSM em Cachoeira do Sul, Marcus Vinícius Tres, explica que o problema é que essa glicerina não sai das usinas em condições de uso imediato. Antes, o material precisa passar por um processo de destilação que deixa para trás quantidades consideráveis de um tipo de resíduo sólido (entre 17 e 18 mil toneladas apenas no ano passado) que, até agora, tinha que ser descartado com cuidados especiais que geram um alto custo para as empresas do setor.

“Ele é classificado como um resíduo classe 2 não inerte, ou seja, possuem propriedades, como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Isso exige que ele seja descartado em aterros sanitários especiais para a indústria química ao custo de R$ 150 por tonelada”.

Para identificar e buscar soluções para reduzir o custo do descarte dos resíduos, o grupo de pesquisadores realizou visitas técnicas em empresas do setor onde ocorreram reuniões com o pessoal da direção de algumas usinas e esse foi um dos problemas que eles identificaram como prioritário.

Como a maior parte do resíduo era formada por sais, uma solução seria destiná-lo para a indústria de alimentação animal, mas isso esbarrava na rejeição do produto in natura. Esse sal está contaminado por ácidos graxos e os animais não o aceitam sem purificação, mesmo quando misturado à ração convencional, explicam os pesquisadores.

Entenda como funciona o  Processo de Purificação de Sal Residual e Uso do Sal desenvolvido pelos pesquisadores

O sal bruto é misturado com um solvente que separa contaminantes do sal purificado. No final, cerca de 80% da massa total pode ser aproveitada.

“Estamos falando de algo em torno de 14 a 15 mil toneladas anuais, além de uma economia de aproximadamente R$ 2,25 milhões por ano só com a conta do aterro desse material”, ressalta o professor Marcus. Ele estima, ainda, que as usinas também poderão ganhar R$ 15 milhões por ano com a venda do sal purificado. O professor frisa que com a nova tecnologia, o setor deixa de gastar com sua disposição final, além de ganhar com a comercialização de um produto.

“Também podemos relacionar ganhos indiretos vinculados à imagem e visibilidade da empresa no que se refere às questões ambientais”, conclui.

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