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O que dizem 11 mil cientistas para conter o aquecimento global!

Via de regra, assuntos que supostamente tem repercussões globais, são complicadas de serem capturadas pela maioria das pessoas, que encontram dificuldades em estabelecer relações entre o fenômeno geral com as ações e atividades do cotidiano. O aquecimento global e os reflexos no clima são bons exemplos. Além disso, os efeitos dessas mudanças, são difíceis de serem sentidas no decorrer de uma vida, logo, grande parte das pessoas consideram que o planeta terra é grande demais para ser destruída, e que a natureza sempre se recupera. O fato é que as sociedades modernas se expandiram radicalmente atingindo o primeiro bilhão de habitantes em 1804. Duzentos e quinze anos depois, a população é de 7,7 bilhões, cada dia que passa acrescenta mais de 200 mil pessoas com necessidades de viver e consumir recursos.

Com o aumento da população que ao ser auxiliada pelo uso ampliado da tecnologia, aumentou fortemente, a voracidade e capacidade de destruição e poluição do planeta. Exemplos disso não faltam: queimadas e as mudanças no uso da terra, na produção crescente de lixo e na contaminação da água e do ar, cujos reflexos na vida das pessoas e no meio ambiente, estão sendo parcamente capturadas e entendidas.

O estudo “Alerta dos cientistas mundiais sobre a emergência climática”, realizado por 11.258 pesquisadores de 153 países, publicado recentemente, pondera que apesar dos 40 anos de negociação sobre o clima, sobre a necessidade e busca de sustentabilidade, os especialistas mencionam que em termos práticos, o comportamento da sociedade, age como se nada estivesse acontecendo. Um aspecto controverso abordado no relatório, é a problemática do aumento da população, e defende “medidas ousadas e drásticas” nas políticas populacionais, como estratégia a ser adotada para reduzir consumo dos recursos naturais e reduzir as emissões.

Enumeram seis grandes medidas que devem ser adotadas nas seguintes áreas:

  1. Na área da Energia: Taxar com altos impostos as fontes emissoras de carbono, a fim de desestimular o consumo de combustíveis fósseis (como petróleo e carvão), além de eliminar os subsídios existentes para esse tipo de combustível, alocando recursos para substituir essas fontes de energia por fontes renováveis.
  2. Na área dos poluentes de curta duração: São os gases que ficam por pouco tempo na atmosfera, mas têm grande impacto no efeito estufa, tais como o metano, a fuligem e hidrofluorcabonetos, mas que a limitação desses gases tem o potencial de reduzir a atual tendência de aquecimento global em até 50% ao longo das próximas décadas.
  3. Na preservação da natureza: O estudo aponta na necessidade de ampliar os esforços para a preservação e a restauração de ecossistemas da Terra — por exemplo, fitoplâncton, recifes de corais, florestas, savanas, mangues e pântanos contribuem “significativamente” para a absorção de CO2, e na recomposição dos ecossistemas. Defende ao mesmo tempo, aumentar o reflorestamento em grande escala.
  4. Na produção e consumo da Comida: Defende mudanças no padrão de alimentação à base de frutas, vegetais, grãos e oleaginosas e redução do consumo da proteína animal, particularmente aquela oriunda de gado ruminante, (que produz grande quantidade de metano), além de enfatizar a necessidade de reduzir a enorme quantidade de desperdício de comida.
  5. Na condução da Economia: A extração extensiva de matérias-primas e a exploração em excesso dos ecossistemas, na busca pelo crescimento econômico, devem ser rapidamente contidas para a manutenção de longo prazo da nossa biosfera. Significa a revisão urgente dos padrões de consumo considerado insustentável.
  6. No crescimento da população: Fortalecer as práticas comprovadas e eficientes que fortalecem os direitos humanos, ao mesmo tempo, em que reduzem taxas de fertilidade e reduzem os impactos do crescimento populacional nas emissões de gases-estufa e na perda de biodiversidade. Para tanto, os cientistas que realizaram o estudo, defendem as políticas de planejamento familiar disponível a todas as pessoas.

Na verdade, não há nada de novo nos apontamentos do estudo, mas alertam que mesmo tantos anos de acúmulo e negociações entre os países visando reduzir os impactos das mudanças climática, e o fato é que em termos práticos, pouca coisa foi efetivamente realizada.

Eliziário Toledo

Sociólogo, mestre em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS), doutor em Desenvolvimento Sustentável (CDS-UnB), mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental (UFFS).

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