Cruzaltense resgata cultura milenar das plantas e ervas medicinais
O testemunho mais antigo de que se tem conhecimento da utilização das plantas pelo homem são restos de pólen de plantas medicinais encontrados num jazigo arqueológico em Shanidar (atual Iraque), com cerca de 60 mil anos, correspondendo à época do Homem Neanderthal. Com a mudança das pessoas para as grandes cidades e a popularização dos medicamentos industrializados, os segredos milenares do uso das ervas medicinais foram deixados um pouco de lado, mas aos poucos voltam a ser cada vez mais valorizados. Seja para o tratamento de doenças, seja em busca de um equilíbrio maior entre o corpo e as emoções, seja pelo resgate de tradições de família, muita gente está em busca e aprender mais sobre a plantas e suas propriedades terapêuticas.
Em Cruzaltense, o curso sobre plantas e ervas medicinais promovido pelo CRAS, ligado à Secretaria de Assistência Social reuniu durante dois dias mulheres interessadas em trocar informações e mudas de plantas. O curso orientado pela engenheira agrônoma Sandra Rigo, do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) procurou “resgatar a história botânica das pessoas e sua relação com as ervas medicinais”. Maria de Lourdes Borba se orgulha de dizer que tem a sua própria horta de plantas medicinais. “Tenho livros, sei para que serve cada planta e uso em forma de chás e até mesmo no chimarrão”, contou.
No final da parte teórica, as participantes ajudaram a plantar a horta de plantas medicinais no terreno onde está o prédio da Assistência Social. A orientadora ensinou a fazer uma mandala de plantas medicinais e explicou que as pessoas conseguem interagir mais com as plantas quando estão dispostas em círculos. Camomila, manjerona, hortelã, alecrim, osmarim, gengibre, cúrcuma, funcho, bardana, yacon, tansagem, guaco, espinheira santa, sálvia, artemisia e tantas outras plantas trazidas pelas participantes ganharam espaço na hora. À medida que iam plantando, as mulheres iam trocando informações sobre as propriedades de cada planta. “Manjerona e camomila é bom para cólica em bebês e funcho se usa para combater os vermes”, ensinou a agricultora Patricia Jubá.
Além desta troca de informações, a engenheira agrônoma Sandra explicou que as plantas podem ser usadas pelo menos de três formas diferentes. Citou o exemplo as folhas da manjerona, que podem ser consumida como chá, usadas para temperar sopas e carnes brancas e, se aquecidas em uma frigideira com gordura, podem ser aplicadas como compressas para aliviar cólicas. Cleonice Mela fez questão de ressaltar que aproveita as oportunidades de aprender mais: “ Quando tem um curso, estamos todas juntas, plantar é o nosso dia a dia e as plantas medicinais fazem parte disso”.
A orientadora também ressaltou que as plantas e ervas medicinais atuam sobre o emocional das pessoas e podem aliviar a tensão, ansiedade e estresse. “As chamadas ervas aromáticas, como hortelã, manjerora, erva Luíza, melissa, erva doce, secadas à sombra tem efeito calmante se colocadas sob o travesseiro”. Para quem não participou do curso, Sandra disponibilizou a receita da alcoolatura de limpeza, indicada para equilibrar as energias da casa e dos moradores.
Ingredientes: um litro de álcool folhas de cheiro: cidreira, hortelã, manjericão, folhas de pitanga, lima, limão ,laranja, louro, alecrim e outras que você tiver à mão. Coloque as folhas num recipiente que possa ser fechado e complete com um litro de álcool. A mistura deve repousar tampada durante uma semana. Depois deste período pode ser usada. Misture cerca de meio copo na água que usa para fazer a limpeza da casa. À medida que for usando a mistura, acrescente mais álcool no frasco. A alcoolatura dura seis meses. Depois deste período, você deve refazer a mistura com ervas novas.