O que Matheus Cunha traz para o Manchester United?

Apesar de toda a turbulência no Manchester United nos últimos anos — a rotatividade de treinadores, o desempenho inconsistente e as contratações aleatórias —, uma questão permaneceu constante: a identidade.

A chegada de Ruben Amorim prometeu uma nova filosofia, mas acabou por desiludir na aposta esportiva. A estrutura tática mais clara e uma visão de longo prazo precisam agora de dar frutos. Mas para que essa visão funcione, o United precisa dos jogadores certos. É aí que entra Matheus Cunha.

O brasileiro pode não ser o nome de peso que alguns torcedores sonhavam, mas não se enganem: esta é uma contratação importante. Ele não é apenas um atacante técnico ou criativo. É um jogador caótico, resistente à pressão e imprevisível, que pode ser o trunfo que o novo projeto do United precisa. Mas o que, exatamente, ele trará para Old Trafford?

A versatilidade posicional de Cunha é há muito tempo um de seus maiores trunfos. No Wolves, ele era usado principalmente como segundo atacante ou ponta — muitas vezes saindo pela esquerda em um esquema 3-4-3. Não é por acaso que Ruben Amorim, um técnico que adora um esquema semelhante, o escolheu.

Cunha se destaca nos espaços entre as linhas. Ele não é um ponta no sentido tradicional, nem um camisa 9 convencional. Ele é algo entre os dois — confortável em ligar o jogo, receber de costas para a defesa e driblar os zagueiros. No sistema de Amorim, onde o posicionamento é crucial, a movimentação e a visão de jogo de Cunha podem ser fundamentais para criar sobreporções nas áreas de finalização.

Mas não se trata apenas de onde ele joga — é como ele joga. Cunha joga com talento e liberdade, o que dá a este time rígido do United uma sensação de imprevisibilidade muito necessária, mesmo em um time do Wolves que o bet esporte constantemente apontava como candidato a dificuldades.

Uma das questões mais evidentes no jogo do United na última temporada foi a falta de progressão nos terços do campo. O time frequentemente dependia de passes longos ou momentos isolados de brilhantismo individual. Cunha muda isso.

No Wolves, ele ficou entre os melhores da Premier League em carregadas de bola, dribles bem-sucedidos e entradas na área. Ele está no seu melhor quando passa pelos meio-campistas e compromete os defensores, criando caos e espaço para os outros. É essa franqueza, essa recusa em ser passivo, que mais empolga os torcedores do United.

Com alguém como Cunha no time, a equipe imediatamente se torna mais dinâmica. Seja partindo das laterais ou atuando logo atrás do atacante, ele traz verticalidade, intenção e ousadia com a bola — todas características que Amorim vai querer no centro do seu ataque.

O jogador de 25 anos também foi convocado pela seleção brasileira por Carlo Ancelotti para as próximas eliminatórias da Copa do Mundo contra Equador e Paraguai. O reconhecimento de Ancelotti não é pouca coisa. Isso sinaliza que a combinação de energia, técnica e finalização de Cunha está finalmente ganhando reconhecimento mais amplo, não apenas no âmbito nacional, mas também no cenário internacional.

Cunha pode não ser um sucesso garantido. Mas para um time do Manchester United que precisa desesperadamente de direção, identidade e variedade no ataque, ele é o tipo certo de risco.

Ele traz caos, criatividade e personalidade — três coisas que Old Trafford tanto precisa. E sob o comando de um técnico como Amorim, com um sistema definido e uma filosofia ousada, ele pode finalmente ter a estrutura necessária para se destacar. Se tudo der certo, Cunha não vai apenas entreter. Ele vai elevar o nível.

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