No último sábado, 14 de junho, o Clube do Comércio de Erechim foi palco de uma celebração que uniu passado, presente e futuro. O Sarau Acordes e Sabores, realizado em homenagem aos 75 anos da Orquestra de Concertos de Erechim (OCE), emocionou o público com um formato inovador que entrelaçou música, teatro, artes visuais e gastronomia em quatro atos repletos de significado.

Logo na abertura, o presidente da OCE, Abrão Safro, destacou a relevância da entidade para a história cultural de Erechim e do Rio Grande do Sul: “Nestes 75 anos, a OCE não apenas celebrou a música, ela formou pessoas, despertou talentos e cultivou a sensibilidade que une uma comunidade. Promover a cultura é agir. É interferir na realidade. É tornar o mundo mais belo e mais instigante.”
Reconhecida como a orquestra em atividade mais antiga do estado e uma das mais antigas do Brasil, a OCE celebrou mais do que uma data simbólica: celebrou seu papel ativo na construção da identidade cultural da região.
Com o salão repleto de convidados, o evento reuniu empresários, artistas, familiares e personalidades da sociedade erechinense, além de músicos de várias gerações que passaram ou ainda atuam na Orquestra. O jantar cuidadosamente servido pela equipe do Clube do Comércio foi intercalado com apresentações cênicas e musicais, cada uma convidando o público à reflexão: de que forma vivemos a arte no dia a dia? Qual o nosso papel na preservação e valorização da cultura local?
CRIATIVIDADE INESPERADA
A abertura surpreendeu. Em um recurso teatral afetuoso e criativo, uma ligação “inesperada” do Maestro Frederico Schubert, fundador da OCE e figura imortalizada na história da cidade, deu início ao espetáculo. O ator erechinense Rafa Hoss interpretou um diálogo fictício com o maestro, misturando memória e imaginação para revisitar a fundação da Orquestra, refletir sobre os desafios atuais e projetar os caminhos da música no futuro de Erechim.
A Orquestra também brilhou ao vivo, interpretando três peças durante a noite. As apresentações reuniram músicos de diferentes gerações, alguns com décadas de atuação, outros recém-chegados, e emocionaram o público com sua sensibilidade, reforçando o espírito do evento: celebrar a continuidade de uma história construída em conjunto.
Entre os destaques, uma homenagem especial reconheceu os músicos César Kreische e Rudolfo Krüger, que participam da Orquestra desde sua fundação. Krüger emocionou os presentes ao também se apresentar ao lado do ex-aluno Thiago Woicolesko, hoje professor de violino, e do jovem estudante Benício Machado. O trio encantou a plateia ao tocar juntos, simbolizando com beleza a passagem do conhecimento entre gerações.

MISSÃO DE FORMAR TALENTOS
O maestro e diretor artístico da OCE, Bernardo Grings, que iniciou sua formação musical na própria Orquestra, falou com entusiasmo sobre a missão formativa da entidade: “Seguimos dando continuidade ao nosso projeto de formação de talentos. A Escola da OCE oferece aulas gratuitas de violino, viola d’arco, violoncelo, percussão e canto coral. Crianças, jovens e adultos são bem-vindos. Este é o nosso compromisso com o presente e com o futuro da música em Erechim.”
O sarau também acolheu outras expressões artísticas. A declamadora Nathalia Spagnol trouxe poesia à cena e, logo depois, surpreendeu o público dançando um chamamé com Rogério Vargas, ao som da clássica Mercedita, interpretada pela Orquestra.
O Madrigal da OCE encantou ao interpretar duas canções populares brasileiras, seguidas por um momento especial em que entoou o “Parabéns a Você” na versão de Heitor Villa-Lobos. Na sequência, a plateia inteira se uniu para cantar a versão tradicional, celebrando os 75 anos da Orquestra em um clima de emoção e comunhão. Já a interpretação de Manhã de Carnaval, na voz de Ana Lucia Corso Rigo Loch, acompanhada por Fábio de Vale ao violão e Thiago Woicolesko ao violino, foi um dos momentos mais ovacionados da noite.
A artista plástica Maria Paula Giacomini acompanhou toda a programação no palco, pintando ao vivo uma obra inspirada nos acontecimentos do sarau. Cores, gestos e traços foram nascendo à medida que o evento se desenrolava. Ao final, a obra foi revelada e calorosamente aplaudida, tornando-se um símbolo visual da memória que ali se construiu.
Com direção artística de Fernando Martini, o Sarau Acordes e Sabores mostrou que celebrar é mais do que relembrar: é inspirar, provocar e renovar compromissos. A Orquestra de Concertos de Erechim, aos 75 anos, reafirma-se como uma ponte entre gerações, um farol da cultura e uma força viva que transforma vidas por meio da arte.
AGRADECIMENTOS
No encerramento da noite, a organização prestou agradecimentos especiais às empresas que viabilizaram a realização do Sarau Acordes e Sabores. Patrocinadores como Sicredi UniEstados, VGraf Impressos e Embalagens, Express Soluções Financeiras, Unimed Erechim e Simão Imóveis foram reconhecidos pelo compromisso com a cultura e pelo apoio concreto à preservação da memória musical da cidade.
Graças a essas parcerias, a celebração dos 75 anos da Orquestra de Concertos de Erechim ultrapassou o campo da homenagem e se consolidou como um verdadeiro manifesto artístico, que une gerações em torno da arte, da educação musical e da valorização da identidade cultural de Erechim.
Crédito das fotos: Dhiullian Lopes