Francisco: como Papa, seguiu sendo Padre Bergoglio

O Papa Francisco adotou e seguiu o modo de vida de seu estimado e preferido São Francisco de Assis, o santo da simplicidade, dos pobres e da fraternidade universal. Buscou no “il poverello de Assisi” o exemplo para fundamentar seus princípios, seus sonhos e esperanças na construção de uma Igreja justa, fraterna, solidária, humana e com características muito mais divinas. Viveu e praticou os valores do amor, da simplicidade, da cordialidade, da alegria, da paz, da sabedoria, da compaixão, da compreensão, do perdão, da beleza e da felicidade, qualidades que nunca envelhecem e “riquezas onde nem a traça, nem a ferrugem corroem” (Mateus 6,20).

Francisco trouxe para a humanidade e para a Igreja Católica uma nova primavera. Mas, para tanto, teve a coragem de fazer uma mudança profunda em seu cerne, para que uma nova vida, uma nova Igreja pudesse germinar, crescer, desenvolver e produzir frutos de excelente qualidade. Pelo seu modo de ser, pensar, sentir, ver e agir; por suas atitudes, por suas ações de doação, seus gestos, seu olhar, por seu luminoso abraço, seus toques e aperto de sua mão; pela naturalidade de suas sábias palavras convencia. Cativava com suas alegres expressões fisionômicas; pelos beijos e afagos delicados às crianças; por seu exemplo de vida que arrastava multidões; por sua pessoa amável, serena e alegre, obrigado, Senhor Deus.

Papa Francisco sempre lutou por uma sociedade humana, solidária, fraterna e feliz. Tinha uma visão social diferente dos papas que o antecederam, ou seja, “uma igreja pobre para os pobres”. Mesmo diante das estruturas herméticas do Vaticano, fez mudanças. Avançou no diálogo inter-religioso estreitando os laços entre as diferentes religiões. Lutou pela justiça social. Estendeu a mão e deu atenção aos pobres.

Ele deu exemplo: adotou a Cruz de ferro pendente no pescoço, que havia usado como arcebispo de Buenos Aires, ao invés da Cruz de ouro. Abandonou o poder. Despojou-se. Abriu portas e janelas. Usou seus rústicos e surrados sapatos pretos até estar sem vida. Fazia a Homilia de pé, deixando de lado o trono. Dispensou a veste pontifícia tradicional. Abençoou os que não pertencem à Igreja Católica e aos que não são crentes. Combateu a desigualdade, enfatizando a opção preferencial pelos pobres, excluídos e oprimidos. Estava em seu íntimo, viver ao seu lado. Como Papa, seguiu como: padre Bergoglio. E encarou, de frente, os desafios ingentes.

 Deixou de lado e rejeitou o luxo e a ostentação econômica com gestos simples, inovadores e informais. Deixou de lado a opulência, o conforto, a corte, a aparência, ver-se nas primeiras páginas, as cores das vestes, as insígnias de honra, afazeres burocráticos e honrarias para servir. Rompeu com padrões, rituais, normas e tradições. Quebrou protocolos, a tradição dos sapatos vermelhos e mudou paradigmas. Andava de ônibus e carro sem escolta. Aumentou no mundo a vivência do sentimento e prática do amor, da fé, da caridade, da bondade, da empatia, da ternura, do calor humano, da amizade, do encontro e da justiça. Saudou, beijou e dava a mão aos fieis. Ia ao encontro das pessoas. Sim, com sua alegria, segurança, serenidade, otimismo, respeito, sabedoria, trabalho, dedicação, confiança, humildade e simplicidade. Surpreendeu os fieis e renovou, restaurou, transformou e reformou a Igreja Católica e a própria Cúria Romana, dando-lhe um rosto novo, humano, alegre, divino e feliz. Esse era o “Bispo de Roma”.

Papa Francisco “reconstruiu a Igreja”. Queria vê-la junto aos pobres, fora dos palácios e dos símbolos do poder, da glória, da fama e da opulência. Francisco foi um verdadeiro pastor que viveu para ajudar, escutar, atender, servir e doar-se. “Eu vim para servir” (Mateus 20,28). Ele recebeu o chamado de Javé que lhe disse: “Saia de tua terra, dos teus parentes, da tua família e vai para Roma… Renove e transforme a minha Igreja” (Gênesis,12,1). À semelhança do Papa João XXIII, deu novos ares à Igreja. Atendeu aos seus anseios mais profundos. Chegou mais perto do seu povo e do seu rebanho. Soube ouvir e atender aos seus clamores, às suas justas e humanas aspirações. Em suas difíceis situações, “a Igreja deve dedicar especial atenção em compreender, consolar e integrar, evitando impor-lhes um conjunto de normas…” (em “Amoris Laetitia”).

O primeiro Papa latino-americano conclamou para a unidade, para o consenso, para a paz, para a fraternidade universal e para viver com alegria e na prática do amor, à semelhança do Bom Samaritano. Teve papel de destaque no mundo, na Igreja e nos novos caminhos que a humanidade está percorrendo. Francisco foi um sol, uma estrela, uma chama a nos aquecer, uma centelha a nos iluminar, uma faísca a nos incendiar. Obrigado, Francisco! Essa foi a Missão de Francisco, esse foi o seu papel e o seu propósito de vida. Esse foi o seu legado deixado para a humanidade para que seja mais fraterna, humana, solidária, pacífica, sensível, divina e feliz.

Que a mensagem do Papa Francisco encontre eco, ressonância e sintonia em nossas vidas e em nossos corações. E o Espírito Santo nos guie, conduza, sustente, fortaleça, ampare, ilumine e nos cure para que possamos crescer, evoluir, progredir e ascender.

Por: Rovilio Collet, defensor público aposentado e presidente emérito dos Amigos da Alegria

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