Maior parte da população prisional do Rio Grande do Sul tem até 45 anos e não possui Ensino Médio completo
Majoritariamente masculina, com até 45 anos e sem Ensino Médio completo. Esse é o perfil geral da população privada de liberdade no Rio Grande do Sul. Os dados quantitativos dos 45 mil apenados estão disponíveis em um painel virtual, aberto ao público, desenvolvido pelo Observatório do Sistema Prisional da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS). O estudo foi lançado durante reunião do Fórum Interinstitucional Carcerário nesta quinta-feira (1º), na Cadeia Pública de Porto Alegre.
O Estado conta com 84 unidades prisionais do regime fechado, 17 do semiaberto, dois centros de custódia hospitalar, um centro de triagem, um instituto psiquiátrico e nove Institutos Penais de Monitoramento Eletrônico. De acordo com dados desta quinta, há 45.476 pessoas privadas de liberdade no Rio Grande do Sul. Dessas, 2.745 são mulheres, que representam cerca de 6% do total.
Quase metade da população prisional está recolhida na Região Metropolitana de Porto Alegre, distribuída em três Delegacias Penitenciárias Regionais (DPR). Juntas, a 1ª DPR, com sede em Canoas, a 9ª, em Charqueadas, e a 10ª, em Porto Alegre, somam 45,4% dos presos.
A 7ª (9,2%), a 4ª (8,3%), a 6ª (7,9%) e a 3ª (7,3%) DPR aparecem em seguida com a maior concentração de pessoas. As regiões com as menores quantidades populacionais são a 5ª (6,9%), a 2ª (6%) e a 8ª (5,9%). Há também as unidades especiais, sob gestão do Departamento de Segurança e Execução Penal, que contam com 3,1% dos apenados.
Em relação ao nível de instrução, 87,1% das pessoas privadas de liberdade não concluíram o Ensino Médio. Esses dados são baseados na autodeclaração da pessoa presa e distribuídos do seguinte modo: Ensino Fundamental incompleto (54,7%), Ensino Fundamental completo (13,8%), Ensino Médio incompleto (14,4%), Ensino Médio completo (10,2%), Ensino Superior incompleto (1,6%) e Ensino Superior completo (0,8%).
Há ainda 1,6% das pessoas classificadas como analfabetas, 2,7% como alfabetizadas e 0,2% cujo nível não foi informado no sistema. Pelo menos 3.998 apenados estão estudando atualmente.
Sobre a cor de pele, a maioria é branca (65%), enquanto 33,6% das pessoas são negras (pretos e pardos). Vale destacar que a população preta e parda se encontra, proporcionalmente, em maior quantidade no sistema prisional gaúcho do que na população em geral, uma vez que corresponde a apenas 21,2% dos habitantes do Rio Grande do Sul, de acordo com os dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em menor número no sistema, estão as pessoas classificadas como amarelas (0,7%) e indígenas (0,7%).
Em relação à faixa etária, o grupo mais representativo é aquele com idade entre 35 e 45 anos, equivalente a 30,9% do total. Pessoas com 25 a 29 anos aparecem na segunda posição, representando 20,2%, seguidas pelas que possuem de 30 a 34 anos, com 19,3%, e pelas de 18 a 24 anos, com 13,3%. Apenados de 18 a 45 anos são, portanto, a maior parte no sistema prisional, totalizando 83,6%. Os presos de 46 a 60 anos representam 13,1% da população, e os com mais de 60 anos são a minoria (3,2%).
Já o perfil das visitas é significativamente diferente entre mulheres e homens privados de liberdade. Enquanto para a população masculina o maior número de visitas é feito pelas companheiras (57,6%), para a população feminina as mais frequentes são realizadas pelas mães (26,6%). Em relação à quantidade de companheiros que visitam as apenadas, o número é menor e chega a 23,2%.
Além disso, cerca de 56% das pessoas privadas de liberdade têm filhos, que representam 8,9% das visitas em unidades masculinas e 22,7% em unidades femininas.
Uma análise foi realizada para identificar os motivos pelos quais as pessoas privadas de liberdade foram presas. Com a observação dos enquadramentos registrados no sistema, foi verificado que a maioria das pessoas cometeu crimes relacionados a roubo qualificado, tráfico de drogas, furto qualificado, roubo simples e furto simples, respectivamente. Receptação, posse ou porte ilegal de armas de uso restrito e associação para o tráfico aparecem em seguida como os crimes mais registrados.
Fonte: Jornal O Sul