Operação contra caça de animais exóticos mira 18 suspeitos em quatro municípios gaúchos
Grupo também é investigado por porte e posse ilegal de armas, além de crueldade contra animais
Reprimir a caça ilegal de animais silvestres e exóticos é o objetivo da Operação Hunters, deflagrada nesta quarta-feira em quatro municípios gaúchos. O grupo investigado soma pelo menos 18 caçadores. Eles são alvo de 27 mandados de busca e 17 quebras de dados telefônicos em Taquari, Triunfo, Eldorado do Sul e Arroio dos Ratos.
Cerca de 120 policiais civis do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) participam da ação. A ofensiva conta também com equipes da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
A operação decorre de investigações que começaram em maio do ano passado, coordenadas pela Delegacia do Meio Ambiente (Dema) do Deic. Além da caça ilegal, os suspeitos também são investigados por posse e porte ilegal de armas, crueldade contra animais e associação criminosa. Quando acumuladas, as penas desses delitos podem chegar a 17 anos de prisão.
Foi constatado que os caçadores utilizavam autorizações para abate de javalis para, também, abater animais silvestres e exóticos, o que é proibido pela legislação brasileira. Como se não bastasse, o grupo ainda vendia ilegalmente carne de javali sem procedência e em condições impróprias para consumo.
Prova disso são conversas de WhatsApp obtidas pela investigação. Em uma delas, um suspeito avisa outro sobre podridão na carne do javali abatido.
“Aí mano, peguei um lombo que estava com inflamação podre dentro”, diz. Na sequência, mesmo após o alerta, ele é orientado a vendar o produto por R$ 19 o quilo.
Em outro diálogo, um caçador se vangloria de uma fuga. “Boas lembranças desse dia. Fugimos da polícia e quase fomos presos, aconteceu de tudo.”
De acordo com a delegada Sámieh Bahjat Saleh, que comandou a investigação, também foram obtidas imagens de crueldade contra animais.
“Há vídeos de cães dilacerando porcos ainda vivos e também do uso de coleiras de choque, o que configura crime de maus-tratos. Encontramos ainda fotos de espécies silvestres abatidas, como tatus e cervos, que têm a caça proibida por lei”, afirmou a delegada.
A suspeita é que parte das armas utilizadas pelos suspeitos era cedida sem autorização por colecionadores, atiradores e caçadores (cacs). Por conta disso, o segundo passo da investigação será identificar e responsabilizar criminalmente os demais comparsas do grupo.
Fonte: Correio do Povo