O Mapa do Ensino Superior no Brasil, do Instituto Semesp, apontou que mais da metade dos alunos que entram em faculdades no país desiste antes de completar o curso. O estudo acompanhou alunos que ingressaram no ensino superior em 2017 até 2021.
Foi apontado uma desistência elevada: 55,5% desistiram do curso; 18,1% continuam cursando e apenas 26,3% concluíram no tempo devido. Isto se deve há uma série de aspectos que explica o porquê da alta evasão.
Há alguns em comum com todos os países, mesmo os mais desenvolvidos: “Há falta de aderência da oferta do ensino superior com relação às expectativas dos jovens de hoje.” enfatiza o diretor-executivo do Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp), Rodrigo Capelato.
“Esses jovens querem contato com mercado de trabalho cedo, vida digital, e ingressar num bacharelado de 4,5 anos pode frustrá-los.”
No Brasil, porém, há características que impactam neste aspecto negativo.
“A questão econômica é fundamental: 80% da oferta do Ensino Superior é por meio da iniciativa privada, que precisa pagar mensalidade.”
De acordo com o estudo, 90% dos jovens que ingressam na faculdade têm renda de até 3 salários-mínimos, 45% de até 1,5 salário-mínimo, e, portanto, “têm dificuldade de pagar mensalidades e se manter no ensino.”
Ao mesmo tempo, o especialista destaca que o ensino de educação básica pública tem baixa qualidade.
“Por isso, alunos chegam com deficiência no ensino superior, principalmente nas áreas de exatas, não conseguem acompanhar e desistem.”
Outro fator conectado à questão econômica é a escolha do curso, que geralmente se dá pelo preço e localização, com estudantes entrando na faculdade “pouco vocacionados”, aumentando a chance de evadir.
Capelato não acredita ser possível reverter a situação a curto prazo, mas a solução passa por “políticas de acesso ao ensino superior e revolução na educação básica”.
Apenas 17,7% dos alunos com idades compatíveis com o ensino superior estão cursando uma faculdade.
A diferença é grande entre os estados: a maior taxa é do Distrito Federal, com 30,5%; e o pior é o Maranhão, com 10,3%.