Na reta final de 2022, em meio a expectativas e incertezas o comentarista econômico, Tulio Lichtenstein, elucidou o que vem pela frente no mercado financeiro durante o TL News da Rádio Cultura.
O mercado, já vinha precificando alguns dados frente aos anúncios do futuro nome do Ministro da Fazenda. Indicado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Fernando Haddad, divide opiniões.
“O mercado, o investidor estrangeiro e a própria economia brasileira já vinha se posicionando com a expectativa do nome. Mas, o impacto foi muito maior do que esperávamos. Antes do processo eleitoral o índice Ibovespa chegou a bater até 120 mil pontos, o dólar trabalhou na casa dos R$ 5,00, R$ 5,02, R$ 5,05 e antes das eleições, baixou dos R$ 5,00, coisa que não se via há tempo”, disse Lichtenstein.
De acordo com o comentarista, se pegarmos o histórico dos últimos 60 e 90 dias, antes mesmo dos resultado das eleições, o impacto é muito maior frente ao cenário atual. “Acreditava-se que não sentiríamos tanto as consequências num primeiro momento, mas ocorreu e agora,precisaremos aguardar os próximos passos. Com o tempo vem a calmaria e tudo vai se alinhando, até porque o Brasil tem muitas riquezas, produz e exporta”, enalteceu.
Nome técnico e não político
Conforme Lichtenstein, a expectativa era por um nome mais técnico e menos político. “Nós estávamos acostumados com profissionais da área, atuantes, com certificações e conhecimento em cada pasta. Agora nessa nova governança tem nomes com pouquíssima experiência do mercado econômico, o caso do próprio ministro”, lembrou.
Por falar em anúncios, durante o evento de transição em Brasília, o ex-ministro da Casa Civil e da Educação, Aloizio Mercadante, foi anunciado como o próximo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Se compararmos com o Ministro da Fazenda, com certeza o Mercadante tem um currículo maior, formado em Economia, com mestrado e doutorado na área. Também tem uma vasta trajetória política, uma base”, comentou Tulio Lichtenstein.
Após anúncios, para Tulio Lichtenstein, fica a expectativa das taxas que serão praticadas e medidas adotadas. “Vai se ter mais dinheiro no mercado? Acredito até que sim, pois é o formato desse governo trabalhar, mas o reflexo para quem vai ficar? Novembro novamente bateu o recorde de famílias buscando recursos em instituições financeiras. Mas, como esse recurso está sendo usado? Percebe-se cada vez mais cooperativas e demais instituições trabalhando com educação financeira. Afinal, mês a mês vem aumentando a inadimplência, virando uma bola de neve, principalmente na pessoa física”, afirmou.
Redução da taxa Selic
A expectativa era fecharmos 2023 com a taxa Selic em 11,50%, mas houve uma reviravolta. “Hoje já se fala em 11,75%. Mas quem puder ler a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que está disponível no site do Banco Central, a perspectiva é de enfrentarmos juros maiores. Acredito que não teremos juros menores dos que os praticados hoje nos próximos 12 ou 24 meses. A não ser que tenhamos algo muito diferente frente a inflação para derrubar a taxa Selic”, comentou.
Ainda elencou que “medidas cautelosas, linhas de crédito acessíveis para a população honrar os seus compromissos, manter a economia aquecida e questões tributárias, seriam algumas das alternativas para Selic baixar”.